O procedimento foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein pela Dra Rosa Maria Neme e também contou com a participação do Dr. Vladimir Schraibman, gastrocirurgião e único orientador em Cirurgias Robóticas da área de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo desse hospital (Proctor Intuitive Robotic System). Procedimento cirúrgico permite mais precisão e menos dor no pós-operatório e é indicado, principalmente, em casos de endometriose de alta complexidade e câncer ginecológica e até mesmo, retirada do útero.
A cirurgia robótica chegou ao Brasil e, atualmente, os procedimentos com essa tecnologia avançam em diferentes áreas da medicina, nos centros hospitalares de excelência em território nacional. O uso do sistema cirúrgico com robô é considerado um procedimento minimamente invasivo e dos mais modernos no cenário mundial. A primeira cirurgia no Hospital Albert Einstein para o tratamento da endometriose no Brasil contou com a participação de uma ginecologista, Dra Rosa Maria Neme, e de um especialista no aparelho digestivo, Dr. Vladimir Schraibman, devido à complexidade do quadro clínico.
“A endometriose envolveu o intestino e a região atrás do útero (chamada retrocervical) e apresentava aderências do intestino neste nódulo. Foram desfeitas as aderências e a retirada do nódulo, que se encontrava atrás do útero e da parede do intestino. Tudo foi feito com muita precisão, pela equipe envolvida que contou com a presença do Dr. Vladimir Schraibman, gastrocirurgião especialista em cirurgia robótica”, relata a Dra. Rosa Maria Neme (CRM SP-87844), graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com residência médica e doutorado em Medicina na área de Ginecologia pela Universidade de São Paulo e Diretora do Centro de Endometriose São Paulo, primeira clínica no Brasil especializado no tratamento da doença.
“Este procedimento é uma importante evolução no tratamento da endometriose, permitindo à paciente maior precisão, mais segurança, menor sangramento, menor tempo de internação e menos dor pós-operatória. Nossa equipe e o Hospital Albert Einstein são novamente pioneiros no desenvolvimento e implantação desta tecnologia para atender as mulheres portadoras dessa doença”, avalia Dr. Vladimir Schraibman (CRM-SP 97304), especialista em cirurgia geral, gastrocirurgia e único orientador de Cirurgias Robóticas da área de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein (Proctor Intuitive Robotic System).
A cirurgia robótica é um procedimento minimamente invasivo e oferece detalhamento dos tecidos e melhor resultado cirúrgico, tanto para o médico como para o paciente. Na entrevista abaixo, a Dra. Rosa Neme e o Dr. Vladimir Schraibman dão mais detalhes sobre a realização dessa cirurgia. Confira!
1-A cirurgia robótica já está presente em vários procedimentos cirúrgicos. Na ginecologia, como é a aplicação deste sistema? Em quais procedimentos cirúrgicos de ginecologia, a cirurgia robótica é indicada?
Dra. Rosa: A cirurgia robótica já é um procedimento adotado em várias cirurgias na área de urologia e cirurgia geral. O uso em ginecologia será de grande valia, principalmente, em procedimentos de maior complexidade, por exemplo, no tratamento da endometriose profunda (intestinal), retirada do útero e cirurgias ginecológicas oncológicas.
2-Nos casos de endometriose, em quais situações o uso da cirurgia robótica é indicada? Por quê?
Dra. Rosa: Podemos indicar em todos os casos, mas as situações que mais se beneficiam, são as de alta complexidade, como nos casos de endometriose intestinal ou onde exista grande quantidade de aderências, porque o robô permite uma visão melhor da pelve, com imagens em 3D, com melhor detalhamento dos tecidos e, com isso, melhor resultado cirúrgico.
3-Como ocorreu a primeira cirurgia robótica de endometriose, realizada em 07/10, no Hospital Israelita Albert Einstein? Pode descrever como era o quadro clinico da paciente e qual foi o resultado pós-operatório?
Dra. Rosa: A cirurgia correu muito bem. A paciente apresentava um quadro de endometriose envolvendo o intestino e a região atrás do útero – chamada de retrocervical- e apresentava aderências do intestino neste nódulo. Foram desfeitas as aderências, com muito mais precisão cirúrgica e a retirada do nódulo, que estava atrás do útero e da parede do intestino, praticamente sem nenhum sangramento.
4- Como a paciente reagiu quando foi apresentado o tipo de cirurgia a qual se submeteria? Quais as vantagens no pós-operatório dessa paciente?
Dra. Rosa: A paciente reagiu bem após a explicação do procedimento e das vantagens que envolviam sua realização. O pós-operatório tende a ser bastante tranqüilo, já que a manipulação cirúrgica é bem mais delicada e há menos sangramento no intra-operatório.
5-Quanto tempo durou a cirurgia? Quantas pessoas estavam envolvidas? É o mesmo número de profissionais numa intervenção tradicional para este caso?
Dra. Rosa: A cirurgia durou cerca de 2 horas. Estiveram presentes quatro profissionais: eu, como a ginecologista responsável, um cirurgião geral (dr Vladimir Schraibman), um anestesista e a instrumentadora. É o mesmo tamanho de equipe presente em uma cirurgia convencional e o tempo cirúrgico é bastante semelhante a uma cirurgia laparoscópica convencional.
6- Quais os avanços no tratamento de endometriose com a cirurgia robótica?
Dra. Rosa: Os avanços compreendem maior precisão do processo, maior detalhamento pela imagem tridimensional e melhor recuperação da paciente, entre outras vantagens.
7- Qual a importância da participação de uma equipe médica que inclui dois especialistas de áreas diferentes?
Dr. Vladimir: Proporciona maior segurança e precisão ao procedimento, porque em muitas mulheres a endometriose acomete o sistema reprodutor feminino e o intestino grosso, que correspondem a especialidades diferentes.
8- Durante o procedimento, os dois médicos têm, simultaneamente, a mesma visão da região que está sendo operada?
Dr. Vladimir: Sim, o cirurgião principal enxerga em três dimensões por meio do robô e o outro cirurgião possui uma tela de 42 polegadas por onde acompanha a cirurgia e utiliza instrumentos para auxiliar no procedimento, simultaneamente.