A aplicação da Toxina Botulínica tipo A, o famoso BOTOX® (nome da marca produzida pela Allergan), ficou famosa no mundo todo por seu uso cosmético, no tratamento das rugas de expressão, e é, hoje, o procedimento estético não-cirúrgico mais realizado no mundo.
O que muitos ainda não sabem é que o BOTOX® foi criado há mais de 20 anos para fins terapêuticos e já beneficiou milhões de pessoas, entre elas crianças com paralisia cerebral, pessoas que sofreram derrame (Acidente Vascular Cerebral – AVC), que tem com Incontinência Urinária, entre outras patologias.
O uso da toxina botulínica tipo A na medicina foi aprovado pela primeira vez no mundo em 1989 (pelo FDA, nos Estados Unidos), como uma alternativa não-cirúrgica para tratar o estrabismo. Desde então, o medicamento foi aprovado em 80 países para 21 indicações diferentes.
No Brasil, o BOTOX® chegou em 1992, quando foi autorizado pela ANVISA para o tratamento de estrabismo e distonia. Hoje já são oito indicações aprovadas no País:
Distonia: provoca contrações involuntárias da musculatura em diversas regiões do corpo – como pescoço, por exemplo – comumente confundida com tique nervoso.
Estrabismo: desalinhamento dos olhos causado por um desequilíbrio dos músculos que agem sobre o globo ocular.
Blefaroespasmo: contrações involuntárias do músculo que controla as pálpebras, fazendo com que o paciente pisque incontrolavelmente.
Espasmo hemifacial: contrações involuntárias dos músculos da face.
Rugas de expressão.
Espasticidade: rigidez excessiva da musculatura – de braços e pernas principalmente – que afeta a mobilidade dos pacientes. É uma sequela comum em pessoas vítimas de AVC, paralisia cerebral, lesões medulares, esclerose múltipla e outras patologias ligadas ao sistema nervoso central.
Hiperidrose: suor excessivo nos pés, mãos e axilas.
Síndrome da Bexiga Hiperativa: contrações involuntárias do músculo da bexiga, que causam vontade urgente e excessiva de urinar.
Como age a toxina
A Toxina Botulínica tipo A é aplicada diretamente no músculo, promovendo seu relaxamento temporário, o que minimiza contrações involuntárias e a rigidez excessiva. No caso da hiperidrose, a substância é aplicada nas glândulas sudoríparas, reduzindo a produção de suor.
“A toxina não trata as causas das doenças, mas atenua os sintomas e sequelas e, especialmente, ajuda os pacientes a recuperar a qualidade de vida”, ressalta a Dr. César Augusto Nicolatti, neurocirurgião de Campo Grande, membro-titular da Sociedade Brasileira de Neurolocirurgia, chefe de serviço de neurocirurgia do Hospital Regional de MS e professor Uniderp-Anheguera. Em geral, as doenças que podem ser tratadas com BOTOX® comprometem significativamente o bem estar dos pacientes. No caso do blefaroespasmo, as piscadas constantes comprometem muito a visão; a espasticidade restringe atividades simples do dia-a-dia, como vestir-se, comer, andar, e a bexiga hiperativa e a hiperidrose afetam a auto-estima das pessoas, causam restrições sociais e podem, inclusive, levar à depressão.
O tratamento terapêutico com a toxina botulínica é disponibilizado pelo SUS (Sistema Público de Saúde) em hospitais de todo o país e o medicamento é reembolsado pelos planos de saúde (contratos de acordo com a Lei 9656/98).