A morte de uma adolescente em Pernambuco que estaria usando chapinha para alisar o cabelo chama atenção para o último teste realizado pela PRO TESTE (divulgado em abril) que detectou falta de segurança em quase todos os produtos testados. Ingrid Regina da Paixão Silva, de 12 anos de idade, morreu e foi enterrada hoje, depois de receber uma descarga elétrica enquanto usava uma chapinha de cabelo.
No teste das chapinhas foram analisadas seis pranchas de modelar cabelos e se constatou que cinco delas oferecem risco aos consumidores.Falta segurança elétrica e térmica. Apesar de notificação às autoridades nada foi feito. Os aparelhos continuam perigosos.
Por isso, a PRO TESTE vai notificar novamente o Inmetro e pedir que ele passe a regulamentar e certificar as chapas de cabelo. Nas análises também foi encontrado um produto com plugue que permite acesso a partes vivas, aumentando a possibilidade de choque.
A PRO TESTE espera conhecer a marca do produto utilizado pela adolescente para notificar o fabricante do produto, pois o ocorrido pode se configurar em acidente de consumo. O acidente de consumo, segundo estabelece o Código de Defesa do Consumidor, ocorre quando um produto (ou serviço) por apresentar defeito, causa danos à saúde ou à segurança do consumidor, mesmo que utilizado corretamente. Os casos incluem intoxicação ou contaminação causadas por alimento, remédios e produtos de higiene, além de choques com eletrodomésticos, acidentes com veículos defeituosos, entre outros.
O acidente de consumo atinge a segurança, a integridade física do consumidor ou sua saúde: o prejuízo do consumidor ultrapassa o vício do produto e abrange todos os danos materiais e morais sofridos, como os gastos médicos para o restabelecimento da saúde da vítima do acidente, o conserto do produto envolvido, além da dor causada pela eventual morte de uma vítima, etc. Considera-se também acidente de consumo o dano causado ao consumidor em razão da falta ou da inadequação das informações a respeito do produto ou do serviço.
Este é um exemplo da falta que faz um cadastro de acidentes de consumo pelo qual a PRO TESTE se mobiliza. A Associação de Consumidores e a Associação Médica Brasileira (AMB) têm feito trabalho conjunto para conscientizar a sociedade, e sensibilizar o Congresso Nacional a criar um sistema nacional de notificação de acidentes de consumo (Sinac).
Na Câmara Federal está em tramitação projeto que obriga a criação de um cadastro dos acidentes de consumo. O objetivo é mapear as principais causas geradoras de acidentes de consumo e orientar os consumidores e as empresas na adequação e no uso de produtos e serviços para reduzir a incidência desses acidentes.
Em algumas cidades (como Campinas e São Paulo) já estão sendo feitas leis para obrigar os hospitais a notificarem tais acidentes o que agilizaria para exigir dos fornecedores medidas para aperfeiçoar os produtos com defeitos e evitar novas ocorrências.
No último teste de pranchas feito pela PRO TESTE o único produto não eliminado foi o NKS TS-550, mas ele não pode ser recomendado, pois pode danificar o cabelo. Ele pode ser uma opção para uso da chapinha ocasionalmente. Em relação à segurança elétrica,o GA.MA Italy, o Taiff e o Remington foram eliminados. Os dois primeiros por falhas no isolamento, que permite fuga de corrente. Se ocorrer um pico de tensão na rede elétrica enquanto se estiver usando o aparelho, pode se levar um choque. Se o uso for em um local úmido, como um banheiro, o risco de um choque é ainda maior. Já o Remington, permite o acesso a partes vivas –o consumidor pode encostar o dedo no plugue ao inserí-lo ou retirá-lo da tomada.
Fonte: Assessoria
Na segurança térmica, quase todos foram eliminados. Só se salvaram o GA.MA e o NKS.Em materiais plásticos, a temperatura de 94oC já é suficiente para causar, em um segundo de contato com a pessoa, uma queimadura. E todos os produtos eliminados nesta etapa do teste apresentaram mais de 100oC na lateral plástica do aparelho. Você pode facilmente se queimar, seja na mão, na orelha, na nuca ou na testa.
A PRO TESTE há muito luta para que os fabricantes alterem seus plugues de maneira que não seja mais tão fácil levar um choque ao conectá- los à tomada. Agora, já existe um padrão estipulado,mas os fabricantes têm até janeiro de 2010 para adaptar seus
produtos. Porém, por ser uma mudança tão importante para a segurança do consumidor, eles não deveriam esperar.