Aos 48 anos, a judoca Fátima Belboni de Camargo – aluna do primeiro semestre do curso de Educação Física da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) – conquistou as medalhas de ouro (na categoria até 70 kg) e de bronze (por equipe) no “Campeonato Mundial Master de Judô”, realizado de 19 a 23 de agosto, na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos. “Eu me sinto muito feliz e vitoriosa só por ter a oportunidade de sair do País para representá-lo”, comemora a atleta.
A aluna embarca esta semana à Porto Alegre para disputar o “I Campeonato Sul-americano de Veteranos de Judô”, nos dias 18 e 19 de setembro. “Pretendo trazer novamente a medalha de ouro”, revela a atleta que supera obstáculos para realizar o sonho de se tornar uma campeã.
Esportista desde os 10 anos, Fátima reúne diversos títulos: dez vezes campeã paulistana, seis vezes campeã sul-americana, cinco vezes campeã paulista e brasileira. Mas essa trajetória não foi fácil. Na mesma época em que iniciou a sua carreira esportiva, além dos treinos e da escola, começou a trabalhar numa banca de frutas no bairro onde morava, no Tucuruvi, em São Paulo, para ajudar a família. Ficou lá por mais de seis anos até conquistar um novo emprego em uma gráfica. Por várias vezes teve que largar os estudos, pois não conseguia conciliar a pesada rotina do trabalho com os treinos e o colégio.
Fátima lembra que a sua primeira medalha de ouro foi conquistada no Clube Esportivo da Penha lutando com homens. “Naquela época poucas mulheres se aventuravam no esporte, por isso, tinha que lutar com homens. Hoje não é mais assim. Tem muitas mulheres lutando judô e jiu-jitsu”, relata.
Para se manter, a atleta dá aulas de judô numa escola infantil, faz serviços de ajudante geral numa clínica ortopédica e passeia com os cachorros da vizinhança para aumentar o orçamento. “Não é fácil. O dinheiro é curto e mal consigo pagar o aluguel do quarto onde moro. Felizmente consegui uma bolsa na universidade e rezo todos os dias para concluir o curso, me especializar e poder dar aulas”, sonha Fátima.
Para poder competir, Fátima também conta com a ajuda dos amigos e dos pais de alunos que se cotizam para financiar as passagens. “Às vezes não tenho dinheiro nem para me alimentar direito. Mas o esporte é meu maior prazer, por isso, continuo lutando”, conclui.