Jogos dramáticos auxiliam estudantes de Medicina a enfrentar situações rotineiras, muitas vezes críticas, como anunciar uma notícia de uma doença terminal a um paciente. O recurso inovador vem sendo utilizado com sucesso há cinco anos para simulações em atendimentos, no curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).
A técnica trazida pelo psiquiatra e professor do curso de Medicina, Sérgio Gemignani, visa capacitar o estudante para reconhecer as reações dos pacientes e familiares frente à doença, bem como suas próprias emoções diante dos conflitos. Em sala de aula, os alunos simulam situações vivenciadas no contato com os pacientes, durante o Programa Interdisciplinar de Saúde na Comunidade (PISCO), tanto em visitas domiciliares, quanto em Unidades de Saúde da Família.
“As atividades realizadas em classe antecipam reações presenciais e sinalizam como tomar a melhor decisão, em determinadas situações. Para tanto, introduzimos jogos dramáticos, em cenas improvisadas, previamente escolhidas de textos médicos correlatos. Todos participam, tanto os atores, quanto a platéia”, afirma Gemignani, que também coordena as atividades de Tutoria para os alunos do terceiro ano do curso.
Os trabalhos acontecem em consultórios adaptados, munidos de espelho unidirecional e sistema de captação sonora, que possibilitam os professores observar externamente as cenas, sem o constrangimento dos alunos. Após a simulação, os estudantes são avaliados por meio de um questionário, que sinaliza como as informações estão sendo processadas.
Os pacientes atores são escolhidos na Oficina Livre de Teatro da Universidade e no próprio curso de Medicina. “Nesse caso, eles são escolhidos aleatória e voluntariamente durante a aula, com o objetivo de vivenciar situações corriqueiras do dia-a-dia. O improviso, a falta de figurino ou qualquer maquiagem fazem parte da ação. A riqueza de detalhes fica a cargo do imaginário, bem como os conflitos internos que possam ser decorrentes das atuações. Trata-se de um processo de projeção, quando detectamos a necessidade de ensinar, discutir, corrigir ou mesmo aprender com nossos aprendizes”, explica o professor.
Segundo ele, os resultados têm sido surpreendentes. “Centrada no estudante e orientada ao paciente, a metodologia permitiu uma modificação do olhar diagnóstico do futuro médico, melhorou a interação do trabalho em equipe e o entendimento dos pacientes, familiares e comunidade, em relação à promoção de saúde, prevenção e reabilitação das doenças usando técnicas adequadas de Comunicação”, afirma.
Simulação Realística – Além dos jogos dramáticos, robôs auxiliam estudantes de Medicina a realizar procedimentos que até então só poderiam ser aprendidos na prática, como salvar vítimas de infarto cardíaco, coma diabético e intoxicações. A simulação tem possibilitado evoluções como essas e contribuído para reduzir erros médicos.
Na Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) o recurso vem sendo utilizado com sucesso no Laboratório de Simulação Realística. Trata-se de um centro de treinamento que reproduz situações críticas de um pronto-socorro e de uma Unidade de Terapia Intensiva, montado a partir da experiência do Centro de Simulação Realística do Hospital Chaim Sheba, de Tel-Aviv, em Israel, que é especializado em pacientes críticos e vítimas de grandes traumatismos. O Laboratório de Simulação Realística da Universidade Cidade de São Paulo conta com diversos ambientes e equipamentos como simuladores integrados a computadores com programas específicos e controlados pelo professor. A avaliação do processo é contínua e acompanhada por diferentes avaliadores e estudantes.
De acordo com o diretor do curso de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo, professor José Lúcio Martins Machado, nesse espaço os alunos simulam por meio de cenários clínicos, experiências da vida real que irão encontrar na vida profissional. “No boneco ou simulador é possível fazer treinamentos que não poderiam ser feitos sistemática e repetidamente em seres humanos, garantindo o aprendizado. A experiência adquirida diminui a possibilidade de erros e proporciona mais segurança ao enfrentar uma situação real.