Um estudo realizado pelo Worcestershire Royal Hospital, da Inglaterra, alerta que andar de carro conversível pode ser uma ameaça aos ouvidos. A exposição prolongada ao barulho do motor, da estrada, do vento e do trânsito eleva muito o risco de problemas.
Os resultados, baseados nos níveis de barulho do lado direito e do lado esquerdo do motorista, enquanto dirigia com a capota aberta e em diferentes velocidades, mostraram que, em uma velocidade entre 80 e 112 km/h, o ruído atingiu 88 e 90 decibéis – um nível maior do que os 85 decibéis considerados como limite para o risco de perda de audição.
Os pesquisadores repetiram os testes com diversos modelos de conversíveis, na mesma estrada, local e horário – fora do considerado período do rush – e registraram resultados parecidos, com o nível máximo de 99 decibéis.
A fonoaudióloga Isabela Gomes, do Centro Auditivo Telex, lembra, no entanto, que existem pessoas mais suscetíveis aos altos ruídos do que outras. “O ideal é consultar um especialista e fazer um exame chamado audiometria, para detectar se já existe alguma perda auditiva e obter as orientações necessárias para prevenir ou impedir o agravamento do problema.”
Para diminuir os níveis de ruído, os cientistas aconselham os motoristas a levantarem os vidros do carro, mesmo com a capota erguida. Segundo eles, desse modo o barulho é reduzido e diminuem os riscos de problemas de audição.
Outra medida bastante eficaz é o uso de protetores auriculares, por parte dos motoristas, enquanto o carro estiver transitando com a capota aberta. “Os protetores reduzem o volume excessivo, mas não impedem o motorista de ouvir o som ambiente”, explica a fonoaudióloga. Moldados de acordo com a anatomia do ouvido de cada pessoa, os protetores comercializados pelo Centro Auditivo Telex são feitos em dois modelos: o que diminui em 15 decibéis o barulho ambiente e outro que reduz o ruído em 25 decibéis.
A fonoaudióloga Isabela Gomes conclui com um alerta importante. “A perda auditiva induzida por ruído é cumulativa. Qualquer dano à audição vai se somando ao longo do tempo. Os efeitos podem não ser sentidos e a percepção do dano pode vir tarde demais. A exposição frequente dos motoristas de carros conversíveis a níveis acima de 88-90 decibéis, conforme constatou o estudo, pode levar, com o tempo, à perda permanente e irreversível da audição.”
O estudo do Worcestershire Royal Hospital foi apresentado na conferência anual da Academia Americana de Otorrinolaringologia, em San Diego, na Califórnia, e publicado na revista científica Otolaryngology-Head and Neck Surgery.