No Brasil, o câncer de pele é o tipo de tumor maligno de maior incidência tanto em homens quanto em mulheres. O último levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou cerca de 120 mil novos casos em 2008, e sua incidência vem aumentando mundialmente. A letalidade do câncer de pele não é considerada alta, entretanto, a demora no diagnóstico pode causar graves complicações. Por esse motivo, dermatologistas têm recomendado, além das medidas de fotoproteção, a realização do auto-exame da pele (leia mais abaixo). “Ele pode ser um ótimo instrumento para a detecção precoce do câncer de pele ou sua prevenção. Levantada a suspeita, deve-se procurar imediatamente por um dermatologista, que realizará os exames adequados para a confirmação ou não da presença de um tumor maligno”, orienta o Dr. Mauro Enokihara, dermatologista conselheiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-SP) e Presidente do Grupo Brasileiro de Melanoma.
O médico alerta, no entanto, que o auto-exame é apenas uma maneira de o paciente auxiliar o médico no diagnóstico precoce. “A hipótese de câncer só pode ser confirmada ou descartada pelos exames específicos realizados pelo dermatologista. Todo tipo de alteração cutânea deve ser motivo para se procurar o dermatologista para elucidação diagnóstica”. Indivíduos de pele, cabelo e olhos claros que têm maior risco de desenvolverem câncer de pele e, por isso, observar atentamente sinais pigmentados diferentes na pele. “É importante ressaltar, também, que existe o melanoma das extremidades (mãos, pés e nas unhas) que é mais comum na raça negra”, completa o médico.
Entretanto, qualquer indivíduo que perceba uma pinta ou mancha de cor acastanhada, de formato e bordas irregulares, com tonalidades de cores diferentes e alteração de tamanho, deve levar em conta a possibilidade de melanoma. “O fato de se ter alguma dessas alterações, porém, não é o suficiente para se suspeitar de melanoma. Mas se elas estão se modificando, o paciente deve, então, procurar o médico dermatologista para elucidar o diagnóstico”, esclarece Dr. Mauro Enokihara. Feridas que não cicatrizam ou lesões cutâneas aumentando de tamanho também estão incluídas entre os sinais suspeitos, que merecem uma elucidação diagnóstica.
Com relação às faixas etárias, devem ter cuidado redobrado adultos de 20 a 50 anos, que são os mais afetados pelo melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele. Idosos acima dos 60 anos também devem ter atenção especial, pois essa é a faixa etária em que é maior a incidência de cânceres de pele não melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular). “Para indivíduos que apresentam maior risco, é recomendável a realização do auto-exame a cada três meses e no corpo todo”, orienta o médico.
Para concluir o diagnóstico, existem dois exames específicos que o dermatologista pode realizar. Um deles é o chamado exame dermatoscópico, também conhecido como microscopia de superfície. É feito com um aparelho que, colocado sobre a pinta ou sinal suspeito de melanoma, aumenta a imagem de 10 a 40 vezes. “Pela visualização das estruturas encontradas pode-se levar à suspeição de que se trata de lesão benigna ou maligna, sem cortes ou invasão da pele”, diz o médico. Outro exame é o histopatológico, ou anatomopatológico, um exame mais invasivo, porém, mais preciso. Consiste na realização de um biópsia, ou seja, sob anestesia local, remove-se a pinta ou mancha suspeita com lâmina de bisturi ou um aparelho próprio para esta finalidade. O material é enviado para laboratório de anatomia patológica onde será processado e depois examinado pelo patologista, que através da descrição microscópica poderá definir se há lesão benigna ou maligna.
Auto-exame: como proceder
Para realizar o auto-exame, basta colocar-se diante de um espelho e observar cuidadosamente o corpo de frente e de costas, dos lados direito e esquerdo para examinar:
1) Rosto;
2) Tronco;
3) Pernas;
4) Antebraços e braços, inclusive axilas;
5) Mãos e pés, tanto as faces dorsal, como palmas e plantas, e também os espaços entre os dedos;
6) Com o auxílio de um espelho de mão, examinar costas, a parte de trás do pescoço e o couro cabeludo, separando os cabelos com um pente, e também a região genital e perianal.
Uma maneira simples para lembrar-se que tipo de sinais devem ser observados é a chamada regra do ABCD:
A (assimetria) – uma metade da pinta não se parece com a outra;
B (borda) – significa contorno irregular e com fraca definição;
C (cor) – pinta que apresenta variação de cor de uma área para outra, podendo variar das tonalidades marrom, preto e até branco, vermelho e azul;
D (dimensão) – sinais ou manchas pigmentadas que possuem diâmetro maior que 6 mm, o equivalente a um lápis comum.
O auto-exame, se realizado com freqüência, ajuda a conhecer sinais preexistentes, ou aqueles que apresentam modificações ao longo do tempo. Caso haja alguma suspeita, o procedimento auxiliará o diagnóstico precoce, fundamental no tratamento
de todos os tipos de câncer. O reconhecimento de tumores malignos nas fases iniciais pode até mesmo levar à cura do tumor, evitando que a doença atinja outras partes do corpo.
Sobre a SBD-SP
A Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional do Estado de São Paulo (SBD-SP) é uma entidade médica sem fins lucrativos, organizada com a finalidade de fomentar a pesquisa, o ensino e o aprimoramento científico da dermatologia como especialidade médica. Fundada em 1970, a SBD-SP congrega atualmente mais de 2.000 associados. A entidade organiza uma série de eventos durante todo o ano, como os Cursos de Educação Médica Continuada em Dermatologia (CEMC-D), as Jornadas, a RADESP (Reunião Anual dos Dermatologistas do Estado de São Paulo, realizada no final de cada ano), e cursos sobre essa especialidade voltados exclusivamente para jornalistas. Além dos eventos regionais, a SBD-SP dá apoio aos eventos e iniciativas da SBD Nacional, como a Campanha contra o Câncer de Pele.