A busca por políticos e partidos supostamente ligados à construtora Camargo Corrêa fez os homens da Polícia Federal que participaram da Operação Castelo de Areia apreenderem documentos que citam nominalmente um deputado, um senador e um governador. O interesse dos federais na papelada está ligada à investigação sobre as doações feitas pela empresa.
Além de pastas e listas com 142 planilhas, tabelas e listas relacionando siglas, instituições, obras, partidos e deputados com valores em reais e dólares, os agentes da PF apreenderam documentos em francês citando o deputado Paulo Maluf (PP-SP), o senador Valdyr Raupp (PMDB-RO) e um “acordo que cita André Pucineli”, governador de Mato Grosso do Sul.
O teor dos dois documentos não foi revelado pela PF. A Agência Estado procurou a assessoria do governador, mas não obteve retorno. Também procurou a assessoria de Maluf, que preferiu não se manifestar. A assessoria de Raupp explicou que o documento apreendido, o ofício 139/2009 encaminhado pelo gabinete do senador, tratava de um pedido de emprego para uma engenheira filha de um aliado. O senador encaminhou o pedido a Marco Antônio Bucco, executivo da Camargo Corrêa.
Raupp pedia no ofício que Bucco examinasse o currículo da engenheira e verificasse se podia contratá-la para os projetos da empreiteira em Rondônia.
A construtora participa do consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela obra da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira. A assessoria de Raupp afirmou que esse tipo de ofício é uma forma de tentar atender a pedidos dos eleitores. No caso específico da engenheira, a assessoria do senador disse que o pedido não foi atendido pela Camargo Corrêa.
A ação da PF, que dizia investigar supostos crimes financeiros e evasão de divisas, levou para a prisão dez executivos da empresa e doleiros, todos soltos por ordem do Tribunal Regional Federal. Mas os agentes também procuraram provas sobre supostas doações ilícitas para partidos e sobre a suspeita de irregularidades em obras.