[singlepic id=213 w=320 h=240 float=left]Brasília – O professor José Mário Tranquillini coordena projeto que oferece aulas de judô a 1,2 mil crianças e adolescentes de 7 a 17 anos. Com a iniciativa, ele ajuda a garantir o acesso a atividades esportivas, um dos direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)
Brasília – O artigo 59 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina: “Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude”. Dezoito anos depois, a regra ainda está longe de ser uma realidade para boa parte dos brasileiros de zero a 18 anos. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente à 2003 aponta que quase metade das 35.412 escolas publicas estaduais do país não contam com instalação esportiva.
Quando o Estado não garante esse direito, muitas vezes é a sociedade civil quem se encarrega pelo cumprimento. É o caso do professor de judô José Mário Tranquillini, que há nove anos oferece aulas da modalidade para crianças e adolescentes moradores de cidades-satélites de Brasília. O projeto já formou atletas profissionais e hoje atende à 1.200 alunos de 7 a 17 anos em cinco unidades. “Você não vê nenhuma articulação voltada para os centros de treinamento, uma política para a criança fazer um esporte forte e não de brincadeirinha”, critica o professor. Para tentar mudar a realidade dessas crianças, Tranquilini conta com a ajuda de empresários, amigos e recebe também apoio do governo do Distrito Federal. Para o atleta, o judô atua como um agente transformador na vida dessas crianças. “Eu trabalho preferencialmente com crianças em situação de risco. O esporte resgata e dá um sentido de vida para essas crianças”, aponta. Ele defende a idéia de que cada escola ou cidade eleja um esporte para trabalhar com as crianças e jovens da região. “As crianças precisam de uma atividade forte porque estão cheias de hormônio, de energia, e o que elas têm é só mau exemplo: bandidagem, droga e prostituição”, avalia. Para Tranquilini, o ECA tem defeitos, mas é importante porque ressalta a necessidade do esporte como um direito fundamental. “Nós temos que agradecer a Deus por esse estatuto tão bonito e tão bacana. Lógico que são necessários alguns acertos, mas a criança precisa mesmo do lazer, de uma escola bacana com professores estimulados”, acredita. E não só o direito ao lazer e ao esporte são garantidos pelo projeto: além das aulas no tatame, as crianças recebem reforço escolar coordenado por pedagogos. Todos os dias, sempre turno contrário à escola. Além de atletas, o projeto de Tranquilini forma agentes multiplicadores. Kássio Fernandes começou no projeto aos 12 anos e hoje, aos 18 anos, é monitor. “Hoje o judô é a chave principal da minha vida. Todas as portas que foram abertas foram por causa do judô. O que eu quero é continuar dando aula, é muito gratificante poder passar para as crianças o que eu aprendi, vê-las crescendo e te respeitando”, conta. O jovem também sonha em pegar a faixa preta e chegar a uma competição importante como as Olimpíadas.
Fonte Agência Brasil