Quando se fala em carreira e paternidade, os profissionais bem-sucedidos não têm de lidar com nenhum tipo de opção muito difícil. Geralmente, homens no mundo todo, que exercem qualquer profissão, inclusive os cargos diretivos, expressam livremente o desejo de ter filhos e os têm. Na verdade, quanto mais realizado o homem, maior é a probabilidade de que ele se case e tenha filhos. Com as mulheres ocorre o inverso… “Elas enfrentam os mesmos desafios que os homens em longos expedientes e sofrem as mesmas pressões de quem ocupa cargos importantes. Contudo, há desafios que são próprios de cada sexo”, afirma o ginecologista, Prof° Dr. Joji Ueno, diretor da Clínica GERA. Vamos conhecer cada um dos desafios femininos em relação à maternidade, segundo a ótica do médico:
Dedicação quase que exclusiva ao trabalho
A história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está sendo escrita com base, fundamentalmente, em dois quesitos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento no nível de instrução da população feminina. Estes fatores vêm acompanhando, passo a passo, a crescente inserção da mulher no mercado e a elevação de sua renda. Em 1990, a parcela feminina chegava a 34,4%. Em 2006, as mulheres ocupavam quase 42% dos postos de trabalho. A mão-de-obra feminina está permeada em todos os setores. São raros, atualmente, os segmentos exclusivamente masculinos. Elas estão cada vez mais conquistando posições. No entanto, ainda falta muito para alcançarem uma posição de igualdade em relação aos homens. “As mulheres pagam um preço alto pelo número excessivo de horas a mais de trabalho, porque, aos primeiros anos de ascensão profissional, se sobrepõem, quase que exatamente, os anos mais apropriados para a maternidade. É difícil diminuir o ritmo nos estágios iniciais acreditando que mais tarde será possível compensar o atraso”, diz o médico.
O abismo salarial que ainda persiste entre homens e mulheres é fruto principalmente das penalidades impostas à mulher no momento em que ela interrompe a carreira para ter filhos. De acordo com estudos recentes, uma fração cada vez maior do abismo salarial se deve à maternidade e à educação dos filhos, que acabam por interferir na carreira das mulheres — e não na dos homens –, afetando permanentemente seu salário potencial.
Jornada dupla e pesada
A idéia de que as mulheres deveriam imitar com o mesmo grau de sucesso o modelo competitivo masculino é um complicador da vida moderna porque os maridos ainda não assumiram uma fatia significativa das responsabilidades tradicionalmente atribuídas a elas no plano doméstico. “Mesmo mulheres casadas, com salários superiores aos dos maridos, se vêem obrigadas a lidar com a maior parte das responsabilidades domésticas. Poucos são os maridos que se ocupam do próprio trabalho e assumem a responsabilidade pela preparação das refeições, os cuidados com a roupa suja e a limpeza da casa. No tocante aos filhos, o desempenho deles também não é melhor”, observa Joji Ueno.
Relógio biológico
Os sinais emitidos pelo corpo são muito claros. As mulheres jovens aprendem que as pessoas bem-sucedidas devem se dedicar à carreira na faixa dos 20 anos e canalizar toda a sua energia para o trabalho, durante pelo menos dez anos, se quiserem ter sucesso. “Acontece que, seguindo esse conselho, é bem provável que as mulheres se vejam com 35 anos e ainda sem tempo para pensar na possibilidade de ter filhos. Exatamente na etapa da vida em que a infertilidade pode se tornar um problema, conforme provam inúmeros casos”, diz o diretor da Clínica GERA, especializada em reprodução humana.
Muitas mulheres que optaram por seguir apenas os trilhos profissionais deixam para mais tarde certas decisões que afetam sua vida pessoal. Antes mesmo dos 40 anos, o relógio biológico feminino dá sinais de urgência. E aí chega a hora da decisão. Até na gravidez espontânea, a idade é um limitador natural. Quando a mulher nasce, seus ovários possuem entre 200 mil e 400 mil folículos – estruturas que originam os óvulos –, mas eles perdem qualidade ao longo da vida. “Aos 20 anos, há 40% de chances de uma mulher de vida sexual ativa engravidar. Aos 35 anos, esse índice é de 16% a 20%. Depois, a queda é vertiginosa. Aos 40, 8% de chances, aos 42, 5% e aos 44, 1%”, explica Joji Ueno.
Mesmo com a ajuda da ciência e das técnicas de fertilização in vitro, é bom saber que as chances de as mulheres de até 35 anos engravidarem são de 40% a 50%. Acima de 40, a taxa é 10%. Há também mais incidência de doenças como diabete e hipertensão. Sem contar os riscos para o feto. “Até os 37 anos, a chance de se ter um filho com síndrome de Down é de 1%. De 40 a 45 anos, varia de 3% a 5%”, explica o médico.
Trabalho x gravidez
A questão emprego x vida pessoal não deve ser pensada como uma dicotomia, como se ambos fossem forças que se repelem. Flexibilidade é muito importante para a mulher que deseja conciliar a carreira com a maternidade. “Flexibilidade é importante para quem busca a felicidade. O fato de que tantas profissionais sejam forçadas a descartar a maternidade é uma injustiça flagrante, além de afetar significativamente o mundo dos negócios, uma vez que obriga as mulheres que desejam ser mães a interromper suas carreiras”, defende o ginecologista a Joji Ueno.
Se grande parte das mulheres que insistem em seguir carreira ficam impedidas de constituir família, outra parte igualmente grande e que opta pela família é obrigada a encerrar sua carreira. “O custo social desta postura excludente é muito alto para as empresas e para a economia ganha dimensões gigantescas. A força de trabalho do país precisa das mulheres. Não podemos nos dar ao luxo de perder excelentes profissionais porque elas resolveram ter filhos, porque elas desejam comemorar o Dia das Mães”,diz Ueno.
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Fonte News Free