O novo balanço parcial de casos de dengue, divulgado hoje (24) pelo Ministério da Saúde, aponta redução de 47,9% nas notificações da doença, confirmando tendência verificada nas avaliações já feitas em 2009. A análise comparou os registros de casos de dengue dos estados e do Distrito Federal entre janeiro e 4 de julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Neste intervalo, em 2009, foram notificados 387.158 casos da doença, contra 743.517 em 2008 (veja tabela).
Em 20 estados e no Distrito Federal, houve redução no número de pessoas com dengue. O destaque foi o estado do Rio de Janeiro, com a maior queda (96,2%). Acre, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram aumento. De acordo com o boletim, com exceção do Amapá, esses estados mais Minas Gerais e Goiás, concentraram 76,9% das notificações de 2009.
Já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, os poucos registros da doença foram de casos importados, ou seja, de pessoas que contraíram a doença em outros estados.
CASOS GRAVES – Também foi registrada queda (de 80,7%) nos casos graves de dengue, que passaram de 20.229, em 2008, para 3.896, em 2009. Esses casos correspondem à soma dos registros de Dengue com Complicações (DCC) e Febre Hemorrágica de Dengue (FHD).
Separando essas duas formas graves da doença, os casos de DCC tiveram redução de 84,8%, passando de 16.569 (2008) para 2.510 (2009). São pessoas que tiveram complicações decorrentes da doença, mas que não chegaram a ter um quadro classificado como dengue hemorrágica. No caso da FHD, a queda foi de 62,1%: foram 1.386 casos em 2009, contra 3660 em 2008.
ÓBITOS – O boletim mostra, ainda, uma redução de 65,7% nas mortes em decorrência da dengue. De acordo com dados enviados até o início de julho, houve 156 óbitos este ano, enquanto que no mesmo período do ano passado ocorreram 455.
O Ministério da Saúde destaca que os estados do Amapá, Tocantins, Rio Grande do Norte, Maranhão, Pernambuco, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul (caso importado), mesmo com registros de casos graves de dengue, não tiveram óbitos pela doença, o que demonstra a capacidade do SUS em organizar uma resposta adequada em situações de transmissão de dengue. A Paraíba, que também não registrou mortes, não teve sequer casos graves da doença.
CAUTELA E MOBILIZAÇÃO – Para o Ministério da Saúde, os dados devem ser analisados com cautela, pois se ações contra a doença não forem mantidas durante os períodos de baixa transmissão e reforçadas nas épocas de pico, o número de casos e óbitos pode voltar a aumentar. Portanto, as ações de controle e prevenção devem ser permanentes e envolver governo federal, estados e municípios, além da população, entidades de classe, organizações não governamentais e iniciativa privada.
A mobilização para evitar um agravamento do quadro de dengue em 2009 foi intensificada pelo Ministério da Saúde em outubro de 2008, meses antes do início do período de maior transmissão da doença, que vai de janeiro a maio. É neste intervalo que ocorrem aproximadamente 70% das notificações.
Na ocasião, foi anunciado o aumento de recursos para estados e municípios, que elevou para R$ 1,08 bilhão a verba para o combate à doença e a compra e distribuição aos estados de 270 nebulizadores costais motorizados, 200 veículos Kombi, 100 motocicletas, 40 veículos pick-up e 30 pulverizadores costais motorizados.
Em parceria com o Ministério da Defesa, 2.300 militares foram colocados à disposição para o combate à dengue e atendimento a pacientes. Já a parceria com o Ministério da Educação permitiu levar informação a estudantes e professores, como o filmete “Vila Saúde”, que está sendo veiculado para alunos do ensino básico.
O ministro José Gomes Temporão manteve intensa agenda com os gestores nos estados e municípios — especialmente para alertar contra uma eventual desmobilização e interrupção das ações de controle no período de transição de prefeitos e equipes após as eleições municipais. O Ministério da Saúde também lançou uma nova campanha de mídia sobre a prevenção da doença e anunciou os resultados do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) com o objetivo de lançar o alerta nacional de reforço de ações em áreas críticas, entre outras ações.