Cerca de 20% das mulheres brasileiras não fazem exame para detectar câncer de colo do útero. Especialistas reunidos em Porto Alegre travam novosmétodos de combate à doença. O médico Rengaswamy Sankaranarayanan, Chefe do Grupo de Rastreamento do IARC – International Agency for Research on Cancer da OMS – Lyon – França, é um dos renomados especialistas que participa do Congresso Internacional de Prevenção do Colo do Útero em Saúde Pública, que ocorre até amanhã (sábado 5/0), no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Autoridade mundial no tema, o oncologista revelou que cerca de 500 mil mulheres, no mundo, são acometidas pelo tumor e que, mais da metade, 270 mil, morrem, anualmente, em conseqüência do mal. Os países em desenvolvimento são responsáveis por 85% dos casos fatais. Os dados do Brasil foram apresentados pela médica Ana Ramalho Ortigão Farias, Gerente da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do INCA – Instituto Nacional do Câncer, entidade representante do Ministério da Saúde.
Aproximadamente 79% das mulheres brasileiras fazem exame preventivo, conhecido como Papanicolau. Ou seja, cerca de 20% não fazem o controle. No ano passado, o SUS realizou 11.309.906 exames preventivos, correspondendo a um valor pago de R$ 66 milhões. Segundo a especialista em saúde pública, a população alvo para rastreamento da doença é composta de mulheres na faixa dos 25 a 59 anos. O pesquisador paranaense Júlio Cezar Merlin, mestre em biologia celular e molecular, apresentou método de prevenção mais confiável que o convencional. O exame, que deve chegar no Brasil no próximo mês, inova no processo de coletar material.
O novo “Cipatologia em meio líquido” tem a grande vantagem de colocar, numa solução que será enviada para análise laboratorial, 100% das células retiradas do colo do útero. O exame Papanicolau tradicional pode perder algumas células e apresentar margem de erro. A paciente tem lesões pré-cancerosas ou cancerosas que não são identificadas no laboratório.Segundo estudo patrocinado pelo Instituto de Vacinas Sabin, pela Organização Pan-Americana de Saúde e pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, o câncer do colo do útero mata 33 mil mulheres por ano na América Latina e no Caribe. Para chegar a esse resultado, foram 15 anos de pesquisa e é considerada a maior avaliação sobre os efeitos do vírus HPV na região.
O tema é motivo de grande debate, neste sábado, no Congresso Internacional de Prevenção do Colo do Útero em Saúde Pública com a participação de representantes do Brasil, Argentina, Colômbia, México e Peru. Os especialistas discutem ações integradas através de uma rede de trabalho. O encontro científico, presidido pelo ginecologista gaúcho Paulo Naud, termina, neste sábado, com a conferência do Dr. Rengaswamy Sankaranarayanan sobre “Ações possíveis para prevenção do câncer de colo do útero em Saúde Pública.”