O Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos decidiu nesta quinta-feira (20), durante a reunião ordinária do grupo, que prossegue até amanhã, em Brasília, apoiar a Resolução da Diretoria Colegiada 44/2009, da Anvisa, que dentre algumas das determinações deixa os medicamentos atrás dos balcões, fora do alcance dos consumidores. Na avaliação do Comitê, esta medida garante o direito do cidadão de receber a orientação adequada e promove o uso racional dos medicamentos.
“Há tempos a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) acredita que a transformação das farmácias em supermercado prejudica o acesso qualificado pelos cidadãos aos medicamentos. A Fenam é contra a venda de medicamento livre de prescrição”, diz Eduardo Santana, médico filiado à Fenam e membro do comitê. O grupo, coordenado pelo Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, foi criado em 2007 e tem a participação de diversas entidades: como Anvisa, Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar), Conselho Federal de Farmácia (CFF), Conselho Federal de Odontologia (CFO), Federação Nacional dos Médicos (Fenam), dentre outras entidades.
O uso indiscriminado, sem a devida orientação, pode fazer o tratamento levar mais tempo que o previsto, sem alcançar o efeito desejado. Além de gerar efeitos adversos e prejuízos ao indivíduo. Em alguns casos, pode até levar a morte. Uma pesquisa do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que, dos quase 108 mil casos registrados de intoxicação humana em 2006, os medicamentos lideraram a lista de principais agentes tóxicos com 30,5% das ocorrências.
AGENTES TÓXICOS – Dados do Ministério da Saúde – coletados em 2006 e compilados pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), ligado à Fundação Oswaldo Cruz – mostram que, em 2006, foram registrados 107.958 casos de intoxicação humana em 30 dos 37 Centros de Informação e Assistência Toxicológica em atividade no país, com um total de 488 óbitos. Em 2005, o número de intoxicações foi de 84.456 em 28 dos 34 centros, com 456 óbitos.
Dos quase 108 mil casos registrados em 2006, os medicamentos lideraram a lista de principais agentes tóxicos que causaram intoxicações em seres humanos com 30,5% das ocorrências. Em seguida, vem a intoxicação por animais peçonhentos, sobretudo escorpiões (19,9%) e produtos sanitários de uso doméstico (11%).
Os benzodiazepínicos (calmantes), antigripais, antidepressivos, antiinflamatórios são as classes de medicamentos que mais causam intoxicações. O mais alarmante é que as vítimas são, em sua maioria, crianças menores de cinco anos (24,1%), seguidas dos adultos de 20 a 29 anos (18,9%) e dos adultos entre 30 e 39 (13,6%).
O número de ingestão indevida de medicamentos e drogas de abuso por adultos deve-se, em sua maioria, às tentativas de suicídio. Do total de 23.089 casos de intoxicação atribuídos às tentativas de suicídio, 14.263 (61,8%) estão relacionados aos medicamentos, 2.642 (11,4%) aos raticidas e 2.515 aos agrotóxicos de uso agrícola (10,9%).
Em relação à letalidade, os agrotóxicos de uso agrícola (3,03%) lideram as causas de morte, seguido de raticidas (1,28%), drogas de abuso (substâncias que modificam, aumentam, inibem ou reforçam as funções do organismo – 0,95%) e produtos veterinários (0,6%).