Atualmente, o método ideal para tratamento definitivo das cólicas biliares é a colecistectomia, cirurgia em que a vesícula biliar é retirada do organismo. Pode parecer precipitado, mas as características da doença causadora do desconforto tornam, muitas vezes, a terapia clínica ineficaz. Tudo começa na bile, um líquido digestivo produzido pelo fígado. Após ser produzida, uma parte da substância é secretada no duodeno e outra fica armazenada na vesícula biliar, onde se concentra. Com o movimento dos alimentos para o intestino, a vesícula é pressionada pelas suas paredes musculares e joga a bile com mais pressão no tubo intestinal.
O problema surge quando ocorre alguma alteração na composição do líquido digestivo, seja química ou de quantidade. Com isso, microcristais são formados e podem obstruir a passagem na saída da vesícula ou no canal cístico. Também pode ocorrer – mas com mais dificuldade – dos cálculos entalarem na saída do colédoco, outro canal passagem da bile, só que mais largo.
Com isso, a pressão sobre os tecidos aumenta consideravelmente, gerando as dores terríveis. Elas começam na boca do estômago, por isso as pessoas não costumam dar importância. Com o avanço do mal, a dor se transfere para o lado direito, sob as últimas costelas, e pode alcançar também o lado esquerdo do abdômen e até o ombro direito. A intensidade do desconforto é extrema, chegando a gerar náuseas e vômitos.
O tratamento clínico não tem tido muito sucesso porque a remoção dos cálculos não impede que eles voltem, além de ser muito caro e demorado. Como o organismo consegue se adaptar bem com a retirada da vesícula, o procedimento se torna prioritário. Com possibilidade da videolaparoscopia, os riscos da operação são extremamente reduzidos e a recuperação é mais rápida e confortável.
Doença de Chagas pode gerar problemas no esôfago?
O esôfago é um grande tubo muscular que leva a comida para o trato digestivo graças aos movimentos peristálticos, que empurram o bolo alimentar. Podem acontecer disfunções musculares que atrapalham esse trabalho e o alimento não consegue chegar ao estômago. Uma delas é a acalasia, que pode ser decorrente da Doença de Chagas.
Acalasia ocorre no final do tubo esofágico, em que o esfíncter que separa o esôfago do estômago para de funcionar e deixa a câmara gástrica inacessível. Isso se deve à destruição dos plexos mientéricos – parte do sistema nervoso que controla o aparelho gastrointestinal – responsáveis pelos movimentos dos órgãos digestivos. Com a paralisia do músculo, o tônus é perdido, o que facilita o acúmulo do alimento. O esôfago começa a se deformar, fica dilatado e alongado, guardando quantidades perigosas de alimento e saliva em seu interior.
O diagnóstico precoce é difícil por ser uma doença de evolução lenta. Por isso, quando se descobre o problema, a pessoa geralmente se apresenta bastante magra com uma longa história de vômitos e salivação. A dificuldade em engolir e a dor são as principais queixas dos portadores do mal.
O principal tratamento é por via cirúrgica em que é feito um corte no músculo que controla a entrada do estômago, abrindo caminho para o alimento. A operação é realizada há cerca de um século, e atualmente pode ser feita por vídeolaparoscopia, método muito mais seguro e confortável para o paciente. A taxa de sucesso é de 95%.
Duas formas de terapia também podem ser feitas com a ajuda da endoscopia. Uma utiliza um balão inflável e outra a injeção de toxina botulínica para manter o esfíncter aberto. Os resultados nesses procedimentos também são interessantes, mas a cirurgia ainda é o mais indicado.
Há relação entre hemorróidas e câncer de intestino?
Os sintomas de hemorróidas são parecidos com os do câncer no reto intestinal, principalmente o sangramento. No entanto, é mera coincidência, não existe uma relação entre as duas doenças. Por isso é sempre bom procurar um especialista se esses sinais aparecerem, pois mesmo que o temor do câncer seja afastado, as hemorróidas podem ser extremamente desconfortantes.
Elas têm como maiores causas a constipação intestinal, ou prisão de ventre, e a diarréia, pois ambas aumentam a pressão sobre os vasos sanguíneos da região anal. Outros fatores que podem gerar as hemorróidas são a hipertensão arterial, a obesidade, a gravidez, o tabagismo e o consumo exagerado de álcool e cafeína.
A doença pode ser dividida em externa e interna. A primeira são ferimentos externos ao redor da pele do ânus, a segunda é a dilatação dos vasos na parte interior. É neste caso em que aparece o sangramento, que pode ser acompanhado pelo prolapso (saída) dos tecidos inchados para fora do corpo, causando uma dor extrema no paciente. O caso mais grave é quando este mamilo hemorroidário não volta ao canal anal, é o que chamamos de trombose hemorroidária.
O quadro, entretanto, tem tratamentos muito eficientes e que costumam resolver definitivamente o problema. Para a trombose, o mais indicado é a cirurgia, em que o inchaço é ressecado e desaparece. O procedimento tem altas taxas de sucesso. Outra terapia muito eficiente é a ligadura elástica, em que se sufoca o mamilo hemorroidário com um elástico até necrosar.
As hemorróidas não são o fim do mundo, mas precisam de atenção. O fundamental é saber o que está acontecendo. Se sintomas mais sérios surgirem, deve-se procurar um médico.
Doutor Carlos A. Sabbag (CRM-PR 9950)
Médico Cirurgião do Aparelho Digestivo
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