Uma das técnicas de cirurgia plástica preferidas dos brasileiros, a lipoaspiração, criada para retirada de gordura localizada, tem atraído quem quer modelar o corpo. Mas, ao mesmo tempo, causa temor, por estar associada aos recentes casos de mulheres que tiveram danos em sua saúde e até levadas à morte.
Embora popularizada, a lipo, por oferecer riscos como qualquer outra cirurgia, requer especialização profissional em cirurgia plástica (o paciente pode conferir junto à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica); deve ser realizada em hospitais estruturados e com segurança; e exige exames prévios. Mas há ainda outros detalhes que fazem muita diferença no sucesso da cirurgia.
Segundo o cirurgião plástico Luiz Lourenço, membro da SBCP e do corpo clínico de vários hospitais em São Paulo, os cuidados começam na primeira consulta.
FATORES QUE DEVEM SER OBSERVADOS PELO CIRURGIÃO PLÁSTICO:
qualidade da pele (flacidez, celulite, tônus, hidratação, presença de cicatrizes e marcas etc);
a disposição da gordura nas camadas superficial e profunda, pois devem ser tratadas de formas diferentes (com cânulas mais finas para lipo mais superficial);
relação peso x altura do paciente: pacientes obesos NÃO são bons candidatos ao procedimento.
a presença de cicatrizes no abdômen, indicando cirurgias intraabdominais anteriores, merece especial atenção: pode haver hérnia incisional, o que colocaria em risco de perfuraçao de alças intestinais, mesmo mantendo-se a cânula na superficie e no plano correto da gordura. Ainda, as cicatrizes podem dificultar o procedimento e torna mais criterioso o planejamento da lipoaspiraçao. O ocorrencia de hérnias torna sua correção obrigatória antes da lipo.
planejamento das áreas a serem tratadas: evita-se a lipoaspiração maior de 40% da superficie corporal, assim como um volume aspirado que seja superior a 7% do peso da paciente, ou acima de 4 litros.
ANTES DA CIRURGIA
TODOS os medicamentos em uso regular ou não pela paciente devem ser informados ao médico, assim como vitaminas, complementos nutricionais, hormônios etc.
A alimentação também pode ser um fator a ser considerado e muitas vezes modificado, no período pré e pós-operatório.
Os pacientes devem se informar sobre as técnicas usadas. “Toda lipo, seja do tipo mais clássico aos métodos mais recentes, é realizada com a infiltração da área a ter a gordura retirada e a quantidade de solução empregada pode variar, de acordo com a decisão do cirurgião. E nunca dispensa a necessidade de ser realizada em ambiente hospitalar”, diz Luiz Lourenço.
Informações do paciente são valiosas. “Quanto mais dados sobre a saúde do paciente, maiores as chances de evitar problemas. Importa saber a história clinica pregressa dele, com dados sobre seus antecedentes pessoais e familiares.”
DURANTE A CIRURGIA
monitoramento constante não só dos sinais vitais mas também do uso de meias elásticas, como medida profilática à ocorrência de trombose, que poderia levar à embolia pulmonar. Um aparelho especial mantém um bombeamento passivo das pernas.
O tempo total de cirurgia é também um fator de risco a ser considerado: quanto maior o tempo cirúrgico, maior o risco.
Prevenção de parada cardiorespiratória, uma das causas mais comuns de problemas. Segundo o especialista, pode ocorrer por diversos fatores, mas é possível evitar os choques cardiogênicos (possibilidade descartável se houver uma adequada avaliação cardiológica prévia), o neurogênico (perceptível, pode ocorrer por dor durante o cirurgia, mas evitável se houver um anestesiologista atento na equipe) ou choque por vasodilatação periférica (induzida por anestesia de bloqueio, especialmente a peridural alta); e fatores neurológicos. “A adequada monitoração e acompanhamento do paciente pelo anestesiologista pode reverter rapidamente uma parada em paciente sadio, sem sequelas, desde que prontamente iniciadas as manobras de reanimação em hospital que ofereça todas as condições para atendimento emergencial”.
DEPOIS DA CIRURGIA
A cirurgia terminou bem? Isso não é tudo. “O monitoramento pós-operatório imediato da paciente submetida à lipoaspiração é extremamente importante. Casos em que qualquer complicação tenha ocorrido durante a cirurgia, se observados a tempo na sala de recuperação pós-anestésica, podem significar toda a diferença nas tomadas de conduta posteriores e podem salvar vidas.”
LUIZ LOURENÇO – Membro da SBCP há mais de 20 anos, o cirurgião plástico Luiz Alberto de Lourenço faz parte do corpo médico de vários hospitais respeitados em São Paulo.