É difícil acreditar, mas às vésperas da segunda década do século 21 alguns tipos de câncer seguem subnotificados no Brasil. “Patologias como Síndrome Mielodisplásica, Mieloma Múltiplo e Sarcoma de Partes Moles são desconhecidos não só da população, mas também dos próprios médicos”, afirma o onco-hematologista Jorge Vaz, do Centro de Câncer de Brasília.
Esses cânceres ditos raros estão presentes na rotina dos hospitais brasileiros, onde os portadores buscam tratamento e alívio do sofrimento. A Síndrome Mielodisplásica já é hoje o tipo de câncer no sangue que mais acomete indivíduos com mais de 60 anos. “Em 30% dos casos, a doença evolui para leucemia aguda”, alerta Dr. Vaz. Não é incomum o paciente buscar vários especialistas até chegar ao oncologista, muitas vezes quando é mais difícil estabilizar o quadro.
O Mieloma Múltiplo, segundo câncer de sangue mais incidente no planeta, consiste na super produção de células plasmáticas que se acumulam na medula, causando alterações nos ossos e rins, além de anemia, fraturas e infecções. No País, apenas 6% dos portadores conseguem diagnosticar a doença precocemente. Já o Sarcoma de Partes Moles, que se desenvolve entre a epiderme e as vísceras, consiste em apenas 1% de todas as neoplasias. “Pelo caráter raríssimo possui um dos mais complexos diagnósticos”, destaca o médico.
A ausência de dados oficiais sobre essas patologias provoca o diagnóstico tardio, compromete a sobrevida e o bem-estar dos pacientes e afeta até mesmo a política de compras de medicamentos específicos. Para Dr. Vaz, a mudança passa, entre outros passos, pela disseminação de informações aos clínicos. “Reduzir o tempo entre a queixa do paciente e o diagnóstico é fundamental para construirmos uma nova realidade”, conclui.