Comemorado em 17 de novembro, o Dia Nacional da Tuberculose deste ano deve ser lembrado com otimismo. Um dos motivos é a discreta, porém inequívoca, redução na taxa de incidência da tuberculose verificada no Brasil nos últimos dez anos. Ainda assim, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), este dia não deve deixar de ser um alerta sobre esse importante problema de saúde pública. Associada a um baixo índice de qualidade de vida e a um serviço de saúde público ineficiente, a doença é a causa de morte de 5 mil brasileiros por ano.
“A falta de informação é um dos motivos para os altos índices de mortalidade, porque, além de termos um sistema de saúde pública que não tem a mesma efetividade para todos os brasileiros e não alcança, sobretudo, aqueles que vivem nos bolsões de pobreza dos grandes centros urbanos, muitas pessoas procuram o atendimento somente depois de meses com tosse, após infectar várias outras pessoas”, afirma Marcus Conde, coordenador da Comissão de Tuberculose da SBPT.
Portanto, se a tosse persiste por duas semanas sem um motivo claro (gripe, por exemplo), a instrução é que o atendimento médico seja procurado. A mesma recomendação é para quem mora com pacientes que têm diagnóstico de tuberculose, já que, em média, uma pessoa contaminada é responsável pela infecção de outras dez a cada ano.
Mudanças no tratamento
O Programa Nacional de Controle da Tuberculose propõe algumas mudanças no tratamento, que hoje é de 6 meses e utiliza 3 medicamentos distintos. Ainda este ano o tratamento passará a englobar a utilização de 4 medicamentos, o que, segundo o dr. Conde, já acontece em quase todo o mundo. Além disso os medicamentos estarão sob apresentação de comprimidos em dose fixa combinada (DFC).
Segundo ele, a introdução do quarto medicamento é consequência do aumento de casos resistentes ao medicamento isoniazida, um dos que compõe o tratamento. “Foi constatado no Brasil que nos últimos 10 anos houve um aumento na resistência e, em função disso, agrega-se esse 4° medicamento”, complementa.
Panorama da tuberculose
Transmissível especialmente nos grandes centros urbanos e entre as camadas menos favorecidas da população com precárias condições de moradia, a tuberculose hoje tem seus piores índices no Rio de Janeiro e no Amazonas.
Apesar da redução no número de novos casos entre 1999 a 2008, passando de 51,44 por cada grupo de 100 mil habitantes, para 37,12, a cada ano ainda surgem aproximadamente 80 mil novos casos de tuberculose. A doença é a quarta causa de morte por doenças infecciosas em adultos no país, e a primeira em pacientes com AIDS.