A Federação Internacional de Diabetes (IDF, da sigla em Inglês para International Diabetes Federation), divulgou no final de outubro os números atualizados de casos desta doença no mundo. São 285 milhões de pessoas, sendo que os países pobres e em desenvolvimento são os principais atingidos. O Brasil aparece em quinto lugar na lista, com 7,6 milhões de casos. Outro dado relevante da pesquisa é que pessoas em idade ativa estão sendo mais atingidas do que se previa.
Em 1985, havia cerca de 30 milhões de pessoas com diabetes no mundo. No ano 2000, o número já tinha subido para 150 milhões. Menos de dez anos depois, o índice divulgado no 20.º Congresso Mundial de Diabetes, realizado em Montreal (Canadá), chega perto de 300 milhões, com mais da metade das vítimas entre 20 e 60 anos de idade. O IDF prevê que, se o atual índice de crescimento continuar, o número total de pessoas com diabetes no mundo deve ultrapassar 435 milhões em 2030, mais do que a população da América do Norte.
Mauro Scharf, endocrinologista da DASA, que é representada em Mato Grosso pelas marcas Cedic/Cedilab, e um dos maiores especialistas em diabetes do Sul do Brasil, afirma que estes dados revelam que o diabetes já pode ser considerado uma epidemia fora de controle. “E, infelizmente, nenhum país é imune ou tem infraestrutura completa para vencer este inimigo em comum”, sentencia o especialista.
Segundo a análise do IDF, o diabetes afeta hoje 7% da população adulta mundial. As regiões com os maiores índices da doença são América do Norte (10.2% da população adulta), seguida do Oriente Médio e do Norte da África (9.3% dos casos). A região com o maior número de casos é o Oeste do Pacífico, na qual cerca de 77 milhões de pessoas têm a doença, e o Sudeste da Ásia, com 59 milhões de pessoas.
A Índia é o país com mais diabéticos, com 50.8 milhões de casos, seguida da China (43.2 milhões de casos), Estados Unidos (26.8 milhões), Rússia (9.6 milhões), Brasil (7.6 milhões), Alemanha (7.5 milhões), Paquistão (7.1 milhões), Japão (7.1 milhões), Indonésia (7 milhões) e México (6.8 milhões).
Quando se trata da percentagem na população adulta, os dados do IDF mostram o impacto devastador do diabetes na região do Golfo Pérsico, onde cinco países estão entre os dez maiores países afetados no mundo. A ilha pacífica de Nauru tem os maiores índices de diabetes no mundo, com quase um terço da população adulta (30.9%) com a doença. É seguida pelos Emirados Árabes (18.7%) e Arábia Saudita (16.8).
Scharf explica que o diabetes tipo 1 não pode ser prevenido. É uma doença autoimune que faz o corpo destruir suas próprias células de produção de insulina. Pessoas com diabetes tipo 1 têm que injetar doses diárias de insulina para sobreviver. “Mas a maioria do diabetes é do tipo 2 (85%-95%), que, em muitos casos, pode ser prevenida”, lembra o médico.
Pessoas com diabetes tipo 2 são resistentes à ação da insulina e muitas vezes não conseguem utilizar adequadamente a insulina que o próprio organismo produz, mas podem controlar a doença por meio de exercícios físicos e dieta. “Muitos, no entanto, precisam de medicação, incluindo insulina, para controlar os níveis de glicose no sangue”, explica Scharf. Estima-se que 60% ou mais dos casos do diabetes tipo 2 poderiam ter sido evitados com prevenção. Mas tanto o tipo 1 quanto o tipo 2 representam uma ameaça série de saúde. Cerca de 4 milhões de pessoas morrem anualmente devido à doença, além do diabetes ser um dos principais causadores de cegueira, ataque cardíaco, infarto e amputações.
Dados econômicos da doença
O IDF prevê que o diabetes vai custar para a economia mundial pelo menos US$376 bilhões em 2010, ou 11.6% do total de gastos de saúde. Em 2030, este número é projetado para mais de US$490 bilhões. Mais de 80% dos gastos com diabetes acontecem em países ricos e não em países pobres, onde vivem 70% das pessoas com diabetes. Os Estados Unidos contabilizam $198 bilhões ou 52.7% do total de investimento mundial com diabetes. Índia, que tem a maior população diabética, gasta US$2.8 bilhões ou 1% do total global.
Para Scharf, “o mundo precisa investir em sistemas integrados de saúde que possam diagnosticar, tratar, administrar e prever o diabetes. Sem uma prevenção efetiva a doença vai trazer problemas não só de saúde, mas também de crescimento econômico”, finaliza o endocrinologista.