O governo federal planeja criar até 3 mil novos telecentros até o final deste ano e investir na melhoria de boa parte dos já existentes. Para isso, reservou cerca de R$ 120 milhões que serão distribuídos entre as propostas que forem selecionadas pelo Projeto Nacional de Apoio aos Telecentros, coordenado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e em consulta pública desde o início do mês.
“A iniciativa é parte de um conjunto de ações de fortalecimento e qualificação dos espaços públicos de acesso à internet”, explicou à Agência Brasil o coordenador de Inclusão Digital da Presidência da República, Cezar Alvarez. Para ele, muito mais que simples espaços onde a população carente consegue ter acesso à internet, os telecentros servem de complemento a outros programas de desenvolvimento regional, de assistência social, de cidadania e de lazer, podendo inclusive servir de qualificação da educação formal e de alfabetização.
Segundo Alvarez, deverão ser criados entre 2 mil e 3 mil novos equipamentos. No entanto, o número de telecentros que serão beneficiados pela iniciativa só será conhecido durante a seleção dos projetos inscritos. Isso porque os custos de implementação de um desses novos espaços varia caso a caso, e só então o governo saberá de quanto dinheiro irá dispor para cada ação.
“O custo de cada novo telecentro deverá variar entre R$ 22 mil e R$ 27 mil. No interior do Amazonas, uma conexão por satélite vai custar R$ 300, já [em um local] na beira [saída] de um cabo de fibra ótica, ela pode custar R$ 90. Por enquanto, o que temos é a definição de que uma parte do dinheiro será destinada a melhorar os equipamentos de pelo menos mil telecentros antigos”, disse Alvarez..
Os novos telecentros vão receber dez terminais de computador, servidor de acesso à internet, mobiliário e conexão. “Além disso, a novidade é que haverá um monitor, um jovem de baixa renda, morador da própria comunidade em que o telecentro for criado, que receberá auxílio de até R$ 480 para trabalhar. Auxiliaremos no processo de seleção desses jovens e daremos qualificação permanente para eles, mas caberá aos conselhos gestores de cada novo telecentro indicá-los”, acrescentou.
Também cabe aos conselhos gestores desenvolver os programas de uso de cada telecentro. “Não temos retensão de que a forma de funcionamento será ditada daqui de Brasília”, disse Alvarez. Ele lembrou que há regras mínimas a serem seguidas, como a gratuidade e o tempo mínimo de funcionamento, mas ressaltou que uma coisa é um telecentro numa favela, outra em um assentamento ou em uma comunidade indígena.
Quanto à qualificação dos telecentros já existentes, Alvarez explicou que a prioridade é proporcionar a troca de micros usados por novos e melhorar a conexão de alguns dos cerca de 12 mil espaços cadastrados pelo governo federal e garantir a qualificação das equipes, se possível, dotando alguns dos antigos espaços de monitores.
Pelo cronograma inicial, a consulta pública sobre o projeto segue até o próximo dia 29. Em junho deve ser lançado o edital de seleção. As entidades interessadas (governos municipais e estaduais e entidades civis) terão entre julho e agosto para inscrever seus projetos. Em setembro ocorrerá a seleção dos inscritos. Em outubro e novembro os equipamentos serão distribuídos, instalados e conectados à rede. E, em dezembro, os novos telecentros deverão estar prontos para funcionar.
“Não queremos atender individualmente, mas sim a entidades que têm programas desse tipo. Então, para fazer a primeira proposta, é preciso que sejam no mínimo dez telecentros”, destacou Alvarez. “Assim, cada entidade terá que se articular com outras. Queremos trabalhar com entidades médias, porque não temos capacidade de selecionar e conhecer 2 mil, 3 mil projetos. Queremos pegar 100, 200 propostas que reúnam tudo.”
Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil