Eliane Brum
Estive em Porto Velho, Rondônia, no final de março. No norte do país, o estado se prepara para a construção de duas controvertidas usinas no Rio Madeira, Santo Antonio e Jirau, obras que são vitrines do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, e já mereceram visita recente do presidente Lula. Funcionários especializados das empresas dos consórcios responsáveis pela implantação das usinas estão chegando com suas famílias para se instalar na capital pelos próximos anos.
Como sempre que viajo, por curiosidade pessoal e por obrigação profissional, gosto de ouvir as pessoas nas ruas. Em Porto Velho, as reclamações eram muitas. Os que estão chegando, pelas dificuldades que encontram. Os que estão lá, porque as dificuldades que já existiam multiplicaram-se com a chegada de mais gente. No domingo em que me despedi da cidade, a manchete de um dos jornais da capital era: “Médicos ameaçados de morte nos postos de saúde da capital”. A causa: demora no atendimento.