Engano: o saco não é um saco. O oportunismo é que é um saco! Na última terça-feira, dia 23, assistimos a mais uma ação devastadora contra o nosso setor. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) garantiu total apoio à campanha “O saco é um saco”. A campanha será veiculada durante seis meses na televisão, revistas e outros meios de comunicação com o objetivo de estimular donas de casa, jovens e moradores de grandes cidades a NÃO utilizarem sacolas plásticas.
O que a campanha esquece de ressaltar é que antes de proibir é preciso ensinar. O anúncio começa mostrando um consumidor jogando um saco plástico pela janela de um ônibus…. Será que o problema é a sacola ou a falta de educação???
Como digo e já não é de agora, os sacos plásticos não têm pernas, não têm asas e não têm nadadeiras. Se eles estão em lugar inadequado é por um erro humano. Na verdade eles são atóxicos e, ao contrário do que a campanha prega, têm um balanço positivo de sustentabilidade, uma vez que são amplamente utilizados como sacos de lixo. O que é melhor: reutilizar uma sacolinha de supermercado para colocar lixo ou jogar o lixo e a própria sacola a céu aberto?
O outro aspecto que nós, empresários do setor, temos que ressaltar é que hoje a sacola plástica possibilita o acesso de pessoas mais carentes aos alimentos. A população que vive longe dos centros urbanos, costuma usar as sacolas para transportar os alimentos até suas casas. Além disso, se tiverem que comprar os sacos de lixo – já que não contarão mais com as sacolinhas do supermercado para tal finalidade – elas deixarão de comprar feijão, arroz, frango, biscoitos, etc? A resposta é não! Elas jogarão o seu lixo a céu aberto ou, no máximo, usarão sacos de papel, jornais diversos para embalar seus resíduos domésticos, que também, por ação da umidade, se romperão, espalhando lixo pelas ruas, rios e córregos, e contaminando até matas ciliares.
Ou seja, retrocederemos muito em termos de preservação ambiental. Por outro lado o varejo que está por trás da campanha tem suas marcas próprias de arroz, feijão e outros produtos de consumo popular embaladas justamente em sacos plásticos. Que interessante os dois pesos e as duas medidas. E logo para prejudicar o consumidor que menos pode.
Foi inaugurada com esta propaganda a fase do proselitismo ambiental oportunista. O saco plástico não é um saco; o OPORTUNISMO é um saco. E cabe a nós, da ABIEF, mostrar isso para o governo e para a opinião pública.