A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) comunicaram ao Ministério da Saúde que devem divulgar até a próxima terça-feira (5) a primeira versão dos informativos sobre o vírus A (H1N1) que serão distribuídos pela entidade para profissionais médicos e a população brasileira. O grupo técnico responsável pelos documentos foi constituído em reunião das entidades na última quinta-feira, 30, em São Paulo.
A previsão é que o material seja entregue aos médicos em 10 dias. No caso da população em geral, está prevista a divulgação pelas entidades das recomendações elaboradas com base nos informes técnicos do Ministério da Saúde através do site da AMB e por meio da grande mídia. “Todos os profissionais de saúde devem ser orientados para evitar o avanço do vírus no país. Vamos definir, por exemplo, o caso clínico e os procedimentos a serem adotados”, afirma o presidente da AMB, José Luiz Gomes do Amaral.
O presidente da entidade avaliou positivamente as medidas de contingência adotadas no Brasil pelo Ministério da Saúde. “As autoridades e os profissionais estão alertas. Ainda conhecemos pouco sobre o vírus e, neste estágio, não imagino como o procedimento poderia ser diferente”. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Juvêncio Furtado, a preocupação agora deve ser informar bem a população e monitorar a situação continuamente. “Temos uma fronteira grande e precisamos intensificar as ações de prevenção”, diz Furtado.
MEDIDAS – Embora a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenha elevado para 5 o grau de alerta da gripe A (H1N1) – numa escala que vai até 6 -, os infectologistas afirmam que a população brasileira deve manter a calma. Não existem evidências da circulação do vírus no Brasil. O momento, dizem eles, é de cautela. Todos os especialistas ouvidos ressaltaram que medidas de prevenção necessárias já estão sendo tomadas pelo governo federal no país.
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Simão Ferreira, o governo agiu corretamente ao monitorar a chegada dos vôos internacionais e repassar informações sobre a doença aos viajantes. “Não há casos confirmados no Brasil e não temos motivo para alarde. As medidas do governo estão no caminho certo e, agora, a população deve seguir essas orientações”, afirma. O infectologista e diretor do Hospital Estadual Emílio Ribas, David Uip, também considera prudente manter a calma. “É recomendável adiar viagens para países com surtos de da doença e manter-se informado sobre a sua evolução no mundo. Fora isso, vida normal”, diz.
Ele destaca que as autoridades federais e estaduais estão alertas e intensificaram a vigilância para identificar possíveis casos de gripe suína. “Além disso, haverá monitoramento constante dos tipos de gripe que estejam ocorrendo no país, por meio das unidades-sentinela, que irão coletar regularmente amostras de secreções nasais e de garganta de pessoas com quadros gripais para isolamento dos vírus”, observa o infectologista.
COMUNICAÇÃO – O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal, Julival Ribeiro, por sua vez, elogia a difusão de informações, principalmente, por meio das rádios. Ao todo, são 2,7 mil inserções de comunicado nas duas principais rádios de cada capital e duas redes nacionais (uma média de 50 em cada uma das 58 emissoras). “Essa é a melhor forma de se chegar às comunidades em todo o território nacional”, acredita. Até domingo, o MS havia garantido a distribuição de 800 mil folders trilingues com informações sobre a doença e está preparado para garantir mais.
Na opinião do presidente da Sociedade Goiana de Infectologia, Marcelo Cecílio Daher, a partir de agora, o governo deve intensificar as ações junto aos profissionais de saúde de todos os estados e municípios para informá-los sobre o procedimento correto em relação ao vírus. “As ações foram tomadas de maneira rápida. Os casos suspeitos foram isolados e as providências epidemiológicas seguidas imediatamente. Isso mostra o nosso preparo para a situação”, observa.
Sobre o controle nos aeroportos, conforme analisa o infectologista veterinário da Universidade de Brasília (UnB) Cristiano Barros, o país está agindo de maneira correta na orientação dos passageiros. “Não é simples trabalhar em um país dessa magnitude. Uma falha ou outra pode acontecer, mas a expectativa é que isso melhore. Sabemos que as pessoas que criticam querem contribuir, mas elas geralmente não têm um conhecimento técnico”, diz o infectologista veterinário. No que diz respeito aos remédios antivirais, todos os especialistas entrevistados condenam a automedicação e explicam o prejuízo desse ato. “O perigo de tomar os antivirais sem orientação médica é tornar o vírus ainda mais resistente”, adverte Ribeiro.