Embalagens inadequadas para frutas, legumes e verduras, infraestrutura deficiente, logística precária, necessidade de expansão e reformas dos imóveis, receitas insuficientes, equipamentos obsoletos e falta de mão-de-obra qualificada. Esses são alguns problemas existentes em 72 Centrais de Abastecimento Brasileiras (Ceasas), de 22 estados, e que estão registrados na publicação Diagnóstico dos Mercados Atacadistas de Hortigranjeiros, lançada nesta quarta-feira (2) pela Companhia nacional de Abastecimento (Conab).
O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada nos últimos 15 meses por técnicos da estatal, por meio do Programa de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), que visa conhecer a realidade dessas centrais e sugerir medidas que possam melhorar o desempenho do setor. Para isso, eles entrevistaram dirigentes das unidades, especialistas da área, agentes públicos, operadores do sistema, produtores e comerciantes.
Segundo o gerente do Prohort, Newton Araújo, uma vez dimensionadas estaticamente essas falhas será possível priorizar as soluções mais urgentes, como a necessidade de modernização dos mercados atacadistas. “É o caso, por exemplo, do processo de classificação, embalagem, transporte, acondicionamento, manipulação e rastreabilidade dos produtos que circulam nas unidades”, completa. Ele cita ainda a aplicabilidade correta das normas sanitárias e o combate ao desperdício como outros fatores que precisam ser observados pelas Ceasas.
O coordenador do estudo e consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Altivo Cunha, diz que uma das alternativas para enfrentar essas dificuldades é a criação de um acordo de cooperação entre instituições nacionais e estrangeiras para intercâmbio de informações técnicas. “Essa parceria seria importante para amadurecermos e avaliarmos questões como práticas ambientais, bancos de alimentos, assistência técnica e capacitação dos agentes e operadores do setor”, defende .
Números – Para ter idéia da dimensão e da atual potencialidade do Sistema Brasileiro de Mercados Atacadistas, que reúne todas as Ceasas do País, só em 2007 foram comercializadas 15,5 milhões de toneladas de frutas, legumes e verduras, o que representou um faturamento em vendas da ordem de US$ 9,9 bilhões.
Segundo o diagnóstico, os mercados atacadistas são considerados hoje espaços urbanos com grande movimentação de pessoas e negócios. “Isso demanda ações integradas de políticas públicas voltadas à segurança, ao trânsito, à educação e à saúde”, afirma Cunha. No estudo, ele defende ainda a criação de um modelo de gestão integrada entre as centrais, para a consolidação desses mercados.