Toda segunda-feira, a maioria das pessoas come menos… Essa, talvez, seja a lei da compensação mais freqüente entre aqueles que lutam contra a balança. É neste dia também que todas as academias de ginástica alcançam suas mais altas taxas de presença. Não há quem resista a se pesar para “correr atrás do prejuízo”, logo no começo da semana. “Buscamos compensar de formas variadas, mesmo inconscientemente, os exageros alimentares do final de semana. Na verdade, compensar ou acreditar na compensação alivia apenas a consciência das pessoas”, diz a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
“A primeira consideração a ser feita sobre o tema é a seguinte: é um grande engano pensar que devemos comer menos durante o dia, quando temos uma festança à noite. Não há nada de mal em comer um pouco mais de coisas diferentes e gostosas em uma festa. Se esse fato é esporádico, ele não vai fazer cair por terra nenhum projeto de perda de peso”, diz a endocrinologista. Deixar de comer ou reduzir drasticamente a quantidade de alimentos na véspera das festas faz com que as pessoas comam exageradamente nos eventos festivos, muito além da quantidade de alimentos que conseguiram reduzir durante o dia.
Além disso, essa associação de jejum prolongado e “comelança”, aparentemente compensatória, traz mal estar e pode estragar a diversão e o dia seguinte. “No Citen, a orientação que fornecemos é a seguinte: quando você for participar de festas sabidamente regadas a muita comida, geralmente servidas bem tarde, jante em casa antes ou faça um lanche, evitando que a hora regular do jantar passe batida. Dessa forma, na festa, você conseguirá abrir mão dos inúmeros e calóricos salgadinhos servidos como entrada e comerá apenas do prato principal e da sobremesa, sem exageros”, recomenda a diretora do Citen.
Compensar no dia seguinte é ainda mais arriscado
Aqui, as artimanhas para conseguir eliminar as calorias em excesso, ingeridas no dia anterior, podem ser de intensidade leve – sem prejuízo à saúde – mas também sem proveito, até compensações arriscadas, caracterizadas por jejuns prolongados, malhações desmedidas, prenunciando a descoberta de opções que beiram a bulimia nervosa. “Na população masculina, faixa muito mais raramente acometida por esse tipo de transtorno alimentar, as compensações são geralmente as academias, os laxantes e o jejum, pois os homens raramente provocam vômitos”, conta Ellen Paiva.
Após festas com ceias servidas bem tarde e muita bebida alcoólica, podemos considerar uma boa alternativa a ingestão de uma dieta leve e a ingestão de muito líquido no dia seguinte. “Esta atitude não compensa os excessos calóricos, apenas repõe as perdas hídricas causadas pela desidratação relacionada à bebida alcoólica e ao consumo de sal em excesso”, explica a médica.
Uma escapadinha a cada dia…
Ellen Paiva destaca que as maiores e mais arriscadas escapadas das dietas são diárias, despretensiosas e, muitas vezes, despercebidas. “Elas nos fazem sucumbir, minam nossa resistência em continuar a nos esforçar por um peso condizente. Estas escapadelas devem ser vigiadas, pois além de não serem acompanhadas de festas, muitas vezes, nos fazem ingerir alimentos que nem gostamos tanto”, alerta a endocrinologista.
“Mesmo em dieta, é possível ter uma refeição diferente nos finais de semana, como por exemplo, tomar café numa padaria maravilhosa OU almoçar numa cantina OU jantar numa pizzaria. Só não podemos associar as três opções, pois não haveria compensação alguma capaz de livrar esta pessoa de umas graminhas a mais, que acumuladas nos vários finais de semana renderiam uns dois quilinhos extras no final do mês”, conta a médica.