A grelina, hormônio produzido no estômago que ajuda a induzir a fome, pode ter um papel importante no desenvolvimento da dependência do álcool, aponta estudo que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista
Proceedings of the National Academy of Sciences.
Descoberta em 1999, a grelina tem sido objeto de muitos estudos desde então. O hormônio ajuda o organismo a controlar o peso como parte de um complexo sistema que regula a ingestão de alimentos e o consumo de energia.
Na nova pesquisa, Elisabet Jerlhag, da Universidade de Gotemburbo, na Suécia, e colegas descrevem que a administração de grelina em camundongos levou a um aumento no consumo de álcool. Por outro lado, ao bloquear a ação do hormônio, constataram uma diminuição no consumo.
Estudos anteriores haviam identificado a presença de receptores de grelina em áreas específicas do cérebro que têm papel importante no sistema responsável pela sensação de recompensa. Como esses mecanismos parecem mediar a recompensa no caso da ingestão de alimentos e de bebidas alcoólicas, os pesquisadores do novo estudo estimaram que a grelina poderia mediar a dependência de álcool.
A administração direta do hormônio em áreas do cérebro responsáveis pelos sistemas de recompensa em camundongos levou a um aumento de cerca de 45% no consumo de álcool, na comparação com animais que receberam uma solução salina.
O consumo de álcool também diminuiu quando os autores administraram compostos que interferem com a sinalização da grelina. Segundo os autores da pesquisa, os camundongos com sinalização reduzida do hormônio aparentaram estar menos suscetíveis às propriedades de recompensa do álcool porque seus cérebros produziam menos dopamina.
De acordo com os pesquisadores, os efeitos de recompensa do álcool formariam uma parte intrínseca do processo de dependência. A grelina, apontam, mostrou ser um alvo em potencial para novas terapias para tratamento de alcoolismo.
O artigo Requirement of central ghrelin signaling for alcohol reward, de Elisabet Jerlhag e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
Agência FAPESP