Cerca de 60 gestores de saúde das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste se reúnem com técnicos do Ministério da Saúde nos dias 29 e 30 de setembro, em Brasília, para definir estratégias de implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O objetivo é apresentar às autoridades subsídios para a execução de ações de saúde voltadas à população masculina. O trabalho será coordenado pelo médico Baldur Schubert, responsável pela execução da proposta em nível nacional junto ao MS.
Participam da oficina representantes de 19 estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia) e do Distrito Federal. Também foram convidados gestores dos serviços de saúde de 19 municípios, em sua maioria capitais (Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Rio Branco, Manaus, Boa Vista, Macapá, Porto Velho, Belém, Palmas, São Luís, Teresina, Juazeiro do Norte, Campina Grande, Natal, Maceió, Aracajú, Petrolina e Salvador).
Semana passada, em São Paulo, a equipe técnica de Saúde do Homem manteve reunião do mesmo tipo com gestores das regiões Sul e Sudeste. Foi o primeiro encontro com representantes de estados e municípios para a implementação da política. Na ocasião, ficou estabelecido prazo de 90 dias para que as secretarias municipais e estaduais de saúde apresentem ao MS uma proposta contemplando as ações previstas na Política Nacional de Saúde do Homem. Após a análise e a aprovação da proposta, o MS fará o repasse de incentivo financeiro, na ordem de R$ 4 milhões para as secretarias de saúde dos estados, do Distrito Federal e dos 26 municípios selecionados em nível nacional iniciarem os seus planos de ação.
MAIOR ACESSO – A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem é uma iniciativa inédita do governo federal que tem por objetivo facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. Ela tem um plano dividido em nove eixos de ação para os próximos dois anos e prevê o aumento de até 570% no valor de procedimentos urológicos e de planejamento familiar, como vasectomia, e a ampliação em até 20% no número de ultrassonografias de próstata.
Por meio dessa iniciativa, o governo federal quer que, pelo menos, 2,5 milhões de homens na faixa etária de 20 a 59 anos procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano. Além de criar mecanismos para melhorar a assistência oferecida a essa população, a nova política coloca o Brasil na vanguarda das ações voltadas para a saúde do homem. O país será o primeiro da América Latina e o segundo do continente americano a implementar uma política nacional de atenção integral à saúde do Homem. O primeiro foi o Canadá.
INVESTIMENTO – O investimento previsto no Plano de Ações decorrente da política será de R$ 613,2 milhões até 2011. Desse total, R$ 105,6 milhões serão para aumentar o valor de repasse de procedimentos, ampliar o número de ultrassonografias de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino entre 2009 e 2011.
Dentre as principais ações do Plano estão:
– R$ 455 milhões para capacitação e treinamento de profissionais de saúde. Desse total, R$ 91 milhões serão exclusivos para o atendimento da população masculina.
– R$ 105,6 milhões para aumentar o número de vasectomias, ultrassonografia de próstata e de cirurgias para doenças do trato genital masculino entre 2009 e 2011
– R$ 27 milhões para compra de insumos e equipamentos e contratação de recursos humanos entre 2009 e 2011
– R$ 17,6 milhões para ações de comunicação e educativas para incentivar os homens a procurar os serviços de saúde entre 2009 e 2011
– R$ 8 milhões divididos entre todos os estados e o DF para que eles preparem um Plano de Ação entre 2009 e 2011
Destaca-se também a ampliação em 20% ao ano no número de ultrassonografias de próstata para prevenção e diagnóstico de tumores malignos. A meta é que eles passem de 78 mil, em 2008, para 110 mil, em 2010. Para isso, nos próximos dois anos, o governo federal investirá R$ 4,4 milhões, além das ações para incentivar os homens a procurar os serviços de saúde. O Ministério da Saúde também quer ampliar em 10% ao ano o número de cirurgias para patologias e cânceres do trato genital masculino, passando de 100 mil, em 2008, para 110 mil, em 2009, e 121 mil até 2010.
Com um investimento de R$ 73,6 milhões em dois anos, essa iniciativa ampliará o acesso ao tratamento, por exemplo, do câncer de pênis, um tumor relacionado com as baixas condições sócio-econômicas e com a má higiene íntima. No Brasil, este câncer representa cerca de 2% de todas as neoplasias que atingem o homem, sendo mais freqüente nas regiões Norte e Nordeste. Do total de recursos, R$ 455 milhões serão destinados às ações de qualificação de profissionais de saúde. Dentro disso, R$ 91 milhões serão específicos para o atendimento da população masculina de 20 a 59 anos, considerando a parcela de homens a receber assistência nos serviços de saúde.
Números do Ministério da Saúde mostram que, do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos – população alvo da nova política -, 68% foram de homens. Ou seja, a cada três adultos que morrem no Brasil, dois são homens, aproximadamente. Os últimos dados de óbitos consideram o ano de 2005. Além disso, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,20 para 68,92 anos de 1991 para 2007, ela ainda se mantém 7,6 anos abaixo da média das mulheres.