A constatação de morte encefálica pode não significar necessariamente o fim de uma história, pois muitas vezes, neste momento, profissionais de saúde iniciam uma verdadeira corrida pela vida. A equipe de transplantes abdominais do Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria da Saúde, ultrapassou a marca de 100 transplantes de fígado no ano de 2009 – o objetivo é atingir 150 até o fim do ano.
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo do HC e diretor técnico do serviço de transplantes do aparelho digestivo, Luiz Carneiro D’Albuquerque, os 111 transplantes de fígado realizados nos últimos nove meses já representam um recorde. “Até o fim do ano, queremos ser o maior serviço de transplante de fígado,em adultos, da América Latina”, afirma.
Dos 111 transplantes realizados até o momento pela equipe do HC, 105 são de doadores cadáver, com morte cerebral constatada – fato que exige uma logística no caminho que o órgão percorre até chegar ao receptor.
O transplante de fígado é um dos mais complexos. Quando captado, o órgão é colocado numa geladeira portátil e preservado em temperatura inferior a quatro graus Celsius. O tempo de isquemia (que se mantém congelado) deve ser o menor possível, para que possa funcionar com sucesso.
Para garantir a logística ideal, o Instituto Central do HC passou por uma ampla reestruturação funcional. “Diminuímos o tempo de isquemia em quase quatro horas, ampliando a chance de pleno funcionamento do órgão”, explica Carneiro.
Outro fator que contribui para o aumento do número de fígados transplantados é a técnica de “fígado dividido”, que é realizada desde o começo deste ano. Por meio desta técnica, o órgão é dividido de acordo com o peso do beneficiário, podendo atender dois receptores com um mesmo fígado. Segundo Carneiro, esta é uma modalidade que vem sendo estimulada sempre que possível, já que para acontecer tem que haver um doador ideal.
Da Secretaria da Saúde