A mastoplastia, cirurgia de aumento de mama, é o procedimento estético mais realizado no Brasil. Segundo recente pesquisa Datafolha encomendada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, entre setembro de 2007 e agosto de 2008 foram feitas mais de 96 mil cirurgias de aumento de mama, número que colocou a técnica em primeiro lugar no ranking da cirurgia plástica, desbancando a lipoaspiração e a rinoplastia, cirurgia de nariz.
O procedimento consiste em implantar próteses de silicone e aumentar o volume das mamas. Cobertas por uma resistente membrana de elastômero, essas próteses possuem diferentes tipos de superfícies (lisa, texturizada ou de poliuretano) e são preenchidas ou “recheadas” por um gel coesivo, que evita o vazamento do produto caso aconteça o rompimento das próteses. Presente na fabricação de diversos equipamentos e produtos de diferentes ramos da medicina – como sondas, cateteres e marca-passos –, o silicone é também a base para a fabricação das próteses mamárias. É, cientificamente comprovado, o melhor material para a fabricação de produtos implantáveis. Só nos EUA, entre 2007 e 2008, quase 655 mil mulheres colocaram silicone nos seios. Neste mesmo período, menos de 48 mil cirurgias foram feitas para remoção de implantes, representando menos que 7,5%, conforme dados da American Society of Plastic Surgeons/National Plastic Surgery Statistics.
Utilizados desde o início da década de 60, os implantes de silicone despertam inúmeras dúvidas relacionadas a sua segurança por conta de informações erradas e falta de conhecimento sobre produto. A principal delas está relacionada ao chamado “prazo de validade”. Embora os implantes não tenham estimativa de vida útil reconhecido pelo meio científico, a única fabricante de próteses de silicone na América Latina, Silimed, define atualmente um período médio de dez anos. Tal parâmetro pode ser alterado caso surja uma razão que justifique. Hoje, há diversas pacientes no Brasil e no exterior com o mesmo implante há mais de 20 anos sem quaisquer problemas. “Mas é fundamental a pessoa ser acompanhada periodicamente para que seja avaliada a necessidade de troca do implante”, diz Wanda Elizabeth Correa, coordenadora da Comissão de Silicone da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e membro da Câmara técnica sobre produtos e técnicas estéticas do Conselho Federal de Medicina.
O problema é que depois da cirurgia muitas mulheres acabam esquecendo as recomendações médicas. “A maioria só volta a procurar um especialista quando aparecem os sintomas de complicações. É importante fazer segmento com cirurgião. O ideal é que, após 10 anos, o segmento seja anual e que seja feito exame de ressonância magnética a cada dois anos”, completa.
Outra polêmica que envolve as próteses de silicone diz respeito a micobactérias de crescimento rápido (MCR). Muitos testes já foram realizados por técnicos da área da saúde e na maioria dos casos ficou comprovado que a contaminação ocorreu por falhas nos procedimentos de esterilização e higiene de equipamentos utilizados na cirurgia e no próprio ambiente cirúrgico. Wanda Elizabeth Correa relata que existe um equívoco quando afirmam que os implantes de silicone são infectados por micobactérias. “As próteses de silicone não oferecem condições adequadas para microorganismos sobreviverem e são rigorosamente esterilizadas. As pessoas devem pesquisar a procedência das próteses. Muitas marcas não possuem todos os seus produtos com registro na Anvisa e podem estocar seus materias de forma negligente não respeitando as normas de segurança exigidas”, alerta.
Segundo a Silimed, que exporta seus produtos para mais de 60 países, o processo de fabricação deve respeitar rigorosamente as normas de qualidade nacionais e internacionais e o monitoramento das próteses deve ocorrer em todos os processos de fabricação. Para monitorar os implantes, desde 1993 a empresa imprime o número de série em cada implante. “Além do número de série estar impresso no produto, cada paciente recebe um cartão. Nesse cartão constam: ano da fabricação do produto, data da cirurgia, nome do médico responsável pela colocação do implante e, evidentemente, o número de série”, explica Fernanda Reis, gerente geral da Silimed.
O departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo realizou recentemente um estudo para avaliar as condições de segurança dos implantes e utilizou as próteses da marca brasileira Silimed. A pesquisa concluiu a segurança do produto. “Realizamos um trabalho de colaboração e testamos todos os níveis de segurança dos implantes da marca. Concluímos que as próteses de silicone atendem as exigências brasileiras, da FDA e da União Européia”, diz Terezinha de Jesus Andreolli Pinto, professora e doutora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.