Vinte equipes do Exército brasileiro começam dentro de 15 dias a demarcação das unidades de conservação da BR-319, que abrange uma área de 9,7 milhões de hectares em terras do Amazonas e de Rondônia. A informação foi dada ontem pelo general de brigada Ronalt Vieira depois de reunião com a secretária estadual de Meio Ambiente, Nádia Ferreira.
O encontro serviu para discutir detalhes do plano de execução das unidades sob responsabilidade do Governo do Amazonas. Das 28 reservas ambientais definidas originalmente como blindagem para impedir o impacto ambiental da pavimentação da BR-319, que liga o Manaus a Porto Velho (RO), apenas 27 serão demarcadas. Isto porque Rondônia excluiu do pacote a Floresta Estadual Rio Abunã.
A previsão oficial é que até outubro de 2010 as reservas estejam devidamente sinalizadas. “Vamos trabalhar para terminar antes. Dezoito equipes de medição e duas de administração vão montar bases em Humaitá e Porto Velho em 15 dias. Nossa meta é colocar 50 equipes com quatro militares cada. O pessoal de reconhecimento já está em campo”, disse Vieira.
Diretor do Serviço Geográfico do Exército, Ronalt Vieira atribui às grandes distâncias e às dificuldades de deslocamento na região, cuja principal via de transporte são os rios, a principal dificuldade do processo de colocação dos marcos. “O principal problema é de logística. Como colocar os suprimentos nas áreas onde as equipes irão atuar. Dois terços do trabalho serão feitos pelos rios, o restante por estradas”, explicou.
A medição e instalação dos marcos que vão indicar os limites de cada unidade estão orçados em R$ 29,1 milhões e serão pagos pela União. “Esperamos que esse trabalho seja exemplo para evitar problemas ocorridos no passado quando estradas foram abertas e o desmatamento foi indiscriminado. As unidades formarão um cinturão de proteção. Só vai entrar para desmatar quem fizer isso com dolo. Não vai poder alegar que não sabia. A placa vai estar lá avisando”, disse Ronalt Vieira.
A reconstrução do trecho central da BR-319, que compreende uma área de 405 Km, hoje intransitável, vem sendo condenada por vários ambientalistas e lideranças sociais. Um deles, o biólogo e pesquisador do Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA), Philip Fearnside, alerta para o risco da estrada abrir as portas da Amazonia para o arco do desmatamento. No último dia 28, durante audiência de apresentação do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) da rodovia, no Stúdio Cinco, em Manaus, 12 organizações não-governamentais distribuíram manifesto criticando a obra.
Aristide Furtado
fonte: A CRÍTICA