Muitas pessoas que reagem às situações do dia-a-dia desenvolvendo depressão, atitudes agressivas, crises de ansiedade e até pânico, não imaginam que estas reações podem estar associadas a traumas ou experiências difíceis vividas em alguma fase da vida que, geralmente, não são processadas pela mente, pelo contrário, ficam “congeladas” e podem se transformar em bloqueios que prejudicam o cotidiano. Por esta razão, para superar estes bloqueios, a ajuda de um especialista é fundamental. Pouco conhecido, o EMDR é uma opção de tratamento utilizado por médicos ou psicólogos para ajudar essas pessoas que sofreram algum trauma, ou que viveram experiências difíceis, a superar medos e aflições.
O EMDR é uma inovação terapêutica, pois não trata as experiências traumáticas pelo “método da fala” como acontece com a maioria das terapias convencionais. Escolhemos uma lembrança difícil como “alvo” e a partir dela o paciente se concentra apenas nesta recordação e passa a ser estimulado, bilateralmente, pelo terapeuta de EMDR. Durante as sessões, especialista e paciente observam o que acontece com a recordação-alvo. O paciente vai relatando o que está acontecendo em sua mente e a sessão vai se desenvolvendo desta forma. Novamente o paciente é estimulado, depois relata o que aconteceu e assim segue. É um tratamento bem rápido. Dependendo do caso, poucas sessões é o suficiente.
Além disso, os resultados são positivos para muitas pessoas com diagnósticos tidos como “insolúveis”, “sem cura”, a exemplo da síndrome do pânico, fobias, e até mesmo as doenças psicossomáticas.
O EMDR, sigla em inglês que significa Dessensibilização e Reprocessamento por meio de Movimentos Oculares, foi desenvolvido nos EUA, pela psicóloga e PhD em Neuropsicologia, Francine Shapiro, a partir dos anos 80, queobservou o funcionamento da mente diante das lembranças difíceis. No Brasil, existem poucos especialistas com o título de Terapeuta de EMDR.
Na prática, também é indicado para atletas. Através desta terapia, o esportista consegue desempenhar melhor o seu rendimento, superar limites e a aplicação do método abre a mente e impede que as lembranças ruins e o medo afetem o seu desempenho final.
“As lembranças difíceis ficam congeladas em nossa mente e quando as acessamos surgem imagens, pensamentos, emoções e sensações corporais associadas aos traumas, aprisionando-nos mentalmente ao passado, prejudicando o presente e, em muitos casos, inviabilizando o futuro. O EMDR possibilita acessar estas lembranças, dessensibilizando-as e reprocessando o seu conteúdo”, destaca o psicólogo e terapeuta de EMDR, Paulo G. P. Tessarioli.
Vale ressaltar que apenas especialistas com formação em EMDR podem aplicar o método e o terapeuta deve, antes de iniciar o tratamento, avaliar se o paciente está apto a se submeter ao mesmo. Após esta avaliação, o próprio paciente escolhe quais lembranças deseja trabalhar. Segundo Paulo G. P. Tessarioli, é indicado para todas as idades e diz que na aplicação o paciente permanece consciente, não é hipnose e nem regressão.
“Vale lembrar que, como qualquer outro tratamento, as variações podem ocorrer de pessoa para pessoa. Para dar certo, em primeiro lugar é preciso estabelecer uma relação de confiança entre terapeuta e paciente”, diz o psicólogo.
PAULO G. P. TESSARIOLI
Psicólogo e Psicoterapeuta Sexual com Título de Especialista em Sexualidade Humana (TESH). Especialista em Terapia de Casais, Famílias e Grupos. Psicodramatista. Pesquisador e Membro da Diretoria do CEPCoS.