Uma técnica bastante utilizada pela Fisioterapia para combater a dor em casos de artrose, bursite e tendinite, a laserterapia agora poderá ser aplicada com sucesso na melhora do aspecto das cicatrizes resultantes de incisões cirúrgicas. Um estudo realizado pelo fisioterapeuta Rodrigo Leal de Paiva Carvalho, que lhe rendeu o título de mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, comprovou que o laser de baixa intensidade quando aplicado em grandes cicatrizes torna-as mais finas e com aspecto estético funcional melhor. A técnica foi testada em pacientes submetidos à cirurgia de hérnia inguinal. O grupo experimental, que recebeu o tratamento com laser, apresentou melhora significativa na aparência e na qualidade da cicatriz seis meses após a incisão, em comparação ao grupo controle.
Orientado pela Profa. Dra. Raquel Aparecida Casarotto, do curso de Fisioterapia, o estudo teve como objetivo investigar a eficácia do laser infravermelho GaAlAs 830nm no processo de cicatrização de incisão pós-cirúrgica de hérnia inguinal. Participaram do estudo 28 pacientes, divididos randomicamente em grupo experimental, que recebeu o tratamento com laser, e grupo controle, que não se submeteu à terapia. O laser foi aplicado no primeiro grupo após 24 horas da cirurgia, num total de 4 aplicações, em dias alternados. Após seis meses, os grupos foram reavaliados por meio da escala de cicatriz de Vancouver (escala padrão internacional), escala visual analógica e espessura da cicatriz. Em todos os parâmetros analisados, a diferença na qualidade das cicatrizes foi surpreendente, em favor dos pacientes submetidos à laserterapia.
“Acreditamos que esses resultados positivos podem ser explicados pelas propriedades do laser, como a influência da mobilidade e proliferação de fibroplastos, atuando na aceleração, na síntese e na manutenção da morfologia do colágeno, angiogênese e no aumento do número de células endoteliais”, avalia o fisioterapeuta Rodrigo Leal de Paiva Carvalho. Já o cirurgião geral Paulo Sérgio Alcântara, do Hospital Universitário da USP, que acompanhou o estudo ao lado do cirurgião plástico Fábio Kamamoto, ressalta que ficou comprovado cientificamente que o laser de baixa intensidade diminui a espessura e a profundidade da cicatriz. “Após seis meses do início do tratamento, era visível a diferença na qualidade das cicatrizes entre os dois grupos. Tanto que interrompemos o estudo, pois chegamos ao objetivo da pesquisa”.
De acordo com o autor do trabalho, Rodrigo Leal de Paiva Carvalho, havia um certo conhecimento de que o laser melhorava o aspecto das cicatrizes, mas não existia nenhum trabalho científico com humanos, no padrão que o estudo foi realizado. Todo o processo foi documentado com fotografias. Ao mesmo tempo em que melhora a qualidade da cicatriz, o tratamento a laser pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa abre campo para se estudar os efeitos do laser em cicatrizes hipertróficas e quelóides. Na opinião do cirurgião Paulo Sergio Alcântara, os excelentes resultados devem estimular os médicos a adotarem a laserterapia como uma boa opção no tratamento de cicatrizes. Mas, segundo ele, cabe ao médico decidir em que casos o laser deve ser aplicado. Ele garante que o laser é seguro e que não causa efeitos adversos ao paciente.