Para os hematologistas, médicos especialistas em tratar tumores no sistema linfático, o tipo de câncer que atinge a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, é uma doença relativamente comum e, em geral, tem incidência similar entre homens e mulheres.
“O linfoma é um câncer que tem origem na célula de defesa do sangue, chamada linfócito. Ela está presente em todo o sistema sangüíneo. Em decorrência de alterações genéticas, pode provocar tumor em determinadas regiões corpo, formando o linfoma”, explicou à Agência Brasil o professor de hematologia da Universidade de Brasília (UnB), Rafael Jácomo.
Segundo ele, as principais áreas de manifestação são o pescoço e a área interna do tórax, próximo ao pulmão e ao coração. “Mas não é a localização que define o tipo de linfoma, mas as características de diferenciação e as genéticas. Há mais de 40 tipos de linfoma, e eles podem atingir qualquer parte do corpo. Desde os ossos até mesmo o cérebro.”
O linfócito é uma das células responsáveis pela defesa do organismo. Nasce na medula óssea, como uma célula jovem, e durante o amadurecimento adquire, em função do tipo, características diversas. O professor disse que há dois tipos principais de linfócitos: o tipo B, responsável por formar os anticorpos, e o tipo T, que estimula outras células de defesa do organismo. “Nesses casos, o risco está entre 30% e 60%, mas a margem pode ser mais ampla, dependendo do caso.”
Há também a chamada doença de Hodgkin, de prognóstico muito positivo, com chances de cura superiores a 80%. “É o tipo mais simples da doença”, assinalou Jácomo.
O tratamento varia em função do tipo de linfoma. “Há inclusive tipos de linfomas que têm um comportamento pouco agressivo e sequer requerem tratamento. Nesses casos, o indicado é apenas fazer um acompanhamento”, informa o hematologista.
“Mas a maior parte requer tratamento quimioterápico, em geral com a combinação de duas ou mais medicações. Para os tipos mais comuns o tratamento é feito em seis a oito ciclos, realizados em intervalos que variam entre 15 e 21 dias”, completa.
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil