O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e o presidente mundial da GlaxoSmithKline, Andrew Witty, anunciaram nesta sexta-feira (25), em Londres (Reino Unido), investimento de 70 milhões de euros (cerca de R$ 183,7 milhões) no desenvolvimento de novas vacinas contra dengue, malária e febre amarela.
Os recursos serão aplicados na criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que será voltado a tecnologias para a prevenção e atenção a essas doenças. Na primeira etapa, o foco prioritário será o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue.
Trata-se da primeira cooperação público-privada, nesta área, entre uma multinacional e um laboratório público. Cada parceiro financiará metade dos custos previstos.
Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o acordo inicia um novo momento para a inovação, desenvolvimento e produção brasileira de insumos para a saúde. “O país deixa de apenas comprar pacotes básicos de transferência de tecnologia para a construção de uma relação que permite o desenvolvimento de insumos desde a sua fase de pesquisa”, afirmou.
A parceria é um dos desdobramentos do acordo de transferência tecnológica para a produção nacional de vacina para pneumococo, assinado em agosto, entre o Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz, e a GSK. A vacina que protege contra meningite bacteriana e pneumonia entrará no calendário nacional de imunização em 2010, com um investimento de produção e distribuição de cerca de 1,5 bilhão de euros.
“O Brasil é um país com excelente base de pesquisa em vacina. Essa colaboração com a Fiocruz é uma importante estratégia de parceria da GSK com países emergentes. Temos satisfação em poder desenvolver, junto com a Fiocruz, novas vacinas para a saúde da população brasileira”, disse Abbas Hussain, presidente da GSK para Mercados Emergentes.
O acordo para a criação de novas tecnologias tem a duração de dez anos e prevê o partilhamento dos direitos de patente das inovações produzidas nesse período. O centro terá sede na Fiocruz e já está em fase de estruturação.
Temporão fez uma viagem de quatro dias a Londres (Reino Unido), onde liderou uma missão de representantes do governo brasileiro e do complexo industrial da saúde. Participaram da comitiva Interfarma, Pró-genéricos, EMS, Abimo, Merck-Serono e AstraZenec, além da Anvisa e Fiocruz. A missão tem o objetivo de estreitar a cooperação comercial, fomentar o investimento no Brasil, conhecer e aproximar as políticas de governo e harmonizar normas e legislação sanitária.
DENGUE – Por entendimento comum, a dengue será uma das primeiras doenças a receber o foco do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento. A iniciativa utilizará os estudos que vem sendo conduzidos pela Fiocruz sobre uma vacina contra doença, que receberá uma nova abordagem tecnológica.
De 1º de janeiro a 4 de julho de 2009, foram notificados 387.158 casos de dengue no país. O número de casos é 47,9% menor do que o registrado no mesmo período em 2008, quando houve 743.517 notificações. O recuo da doença está relacionado às ações para eliminar os criadouros do mosquito transmissor, com mobilização social, limpeza urbana e aumento de infra-estrutura (saneamento).
Para Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, uma das principais dificuldades para a produção da vacina contra a dengue é dar proteção contra os 4 sorotipos existentes, o DEN1, DEN2, DEN3 e DEN 4. A Fiocruz selecionou os projetos em estágio mais desenvolvidos para que sejam a base da ação com a multinacional.
“A parceria é estratégica, pois permite aprimorar no Brasil fases pré-clinicas de pesquisa. Ou seja, ela potencializa a produção de outras inovações”, afirmou Gadelha. A iniciativa também prevê a melhoria da vacina contra a febre amarela, produzido pela fundação, e a criação de um imunizante contra a malária.
Com a multinacional, o Ministério da Saúde realizou outros acordos de transferência de tecnologia. Um dos acordos mais recentes diz respeito à vacina contra o rotavírus, disponível na rede pública desde 2006. Em 2003, contemplou a vacina tríplice viral e, em 1998, foi firmado acordo de transferência de tecnologia para vacina contra a meningite (Hib). Em agosto, foi firmada a transferência de tecnologia para a produção da vacina para pneumococo. A vacina inclui os 10 sorotipos de pneumococo que apresentam maior prevalência no País. Somente no Brasil, a cada ano, o pneumococo responde por 1.500 casos de meningite, 20 mil hospitalizações por pneumonia e mais de três milhões de casos de otite média aguda.