No filme “Eu, robô”, o protagonista, vivido por Will Smith, utilizava uma prótese no braço esquerdo. Disfarçada por uma pele falsa, ninguém percebia que o personagem possuía um braço mecânico, porque este funcionava exatamente como o humano. Pois esta estória não está muito longe de se tornar uma realidade. Chega ao Brasil uma nova prótese de mão, cujas inovações são um marco na área.
A empresa escocesa Touch Bionic’s criou a mão biônica i-Limb utilizando as principais tecnologias desenvolvidas para a área protética. Os princípios mioelétricos (contração muscular) já estão presentes nas próteses anteriores, mas a grande inovação é que, agora, são aplicados em cada dedo articulado individualmente, ao contrário dos equipamentos comuns que movem todos juntos.
O polegar, assim como o humano, pode girar em várias direções. O resultado é uma extensa gama de configurações de agarre que permitem ao usuário manusear os mais variados objetos, desde um grão de feijão, um CD ou um prato, até carregar uma mochila pesada. “Só de você ter essa possibilidade de trabalhar com os dedos individualmente já é uma das maiores evoluções nas últimas décadas para próteses de mão”, comenta Luciano Alves, protesista da Ortopédica Catarinense, clínica que traz a i-Limb para o Paraná.
O pulso também possui movimento, girando no sentido horário e anti-horário, o que ajuda a pessoa a virar uma garrafa para servir uma bebida, por exemplo. A resistência do equipamento é outro fator importante. Cada dedo consegue segurar até oito quilos, o que dá força para a mão resistir a um esforço de 25 quilos quando usada totalmente.
O paciente controla a prótese por meio de tensões musculares que irão sensibilizar os dois sensores no encaixe do braço. Os estímulos irão ordenar o fechamento e a abertura do agarre e a força utilizada, mas os dedos agem automaticamente. Por exemplo, ao pegar uma taça, a pessoa comanda para a mão fechar em volta do objeto e os dedos vão até encontrarem um obstáculo, onde travam. Assim, o agarre se adapta ao relevo do copo, mais largo, à haste, mais fina.
A preparação é importante para que a pessoa consiga segurar objetos frágeis, como um copo plástico, sem causar pequenos acidentes. “É necessário entre três e quatros meses de treinamento, mas depende de cada um. Tem gente que aprende rápido, enquanto outros demoram mais”, diz o protesista. Podem utilizar a mão biônica amputados acima ou abaixo no cotovelo, não há restrições.
A prótese usa energia de duas baterias recarregáveis, feitas de níon, material que não “vicia”, com duração de até 32 horas de uso ininterrupto. A mão pesa cerca 500 gramas sozinha, mais leve que uma mioelétrica convencional, e um quilo junto com as outras peças para completar a prótese. O cuidado do usuário é para evitar pancadas fortes e a submersão em líquidos. Para evitar este tipo de situação, o paciente recebe uma luva de silicone, que não limita os movimentos dos dedos e também ajuda na parte estética. De longe, um desavisado não percebe que as mãos da pessoa são diferentes.