Ser Pai é compartilhar sentimentos e sonhos com aqueles a quem você deu a vida. Além da força do exemplo, mais vale um gesto de carinho e convivência do que mil palavras. Se você tem um filho ou uma filha adolescente, deixe por um momento as preocupações diárias de lado, sente a seu lado e reviva as melhores lembranças da infância deles. Com certeza absoluta, eles mencionarão as brincadeiras conjuntas, os passeios ou mesmo aqueles vibrantes jogos de videogames. O ato de brincar com o filho ou filha é um ato de amor. Talvez seja a base de toda educação que fará deles homens ou mulheres de verdade, seres humanos felizes e profissionais preparados para o mercado de trabalho.
Muito mais do que o patrimônio material que você tenta acumular para deixar aos filhos como herança, saiba que eles levarão para a vida os seus exemplos e o seu companheirismo. Não importa a idade deles. Você, Pai, é quem deve encontrar os espaços ideais para entrar na vida dos filhos, nas suas preocupações diárias, para ouvir e orientar. Os psicólogos são unânimes em afirmar que um dos maiores motivos da desintegração familiar é o distanciamento dos Pais quando não sabem o que os filhos fazem e pensam.
Em uma sociedade em constante processo de transformação, você, Pai, é forçado a se reinventar diariamente e, queira ou não, você é forçado a mergulhar nesse processo para se manter no mercado de trabalho. Pois bem, estar atento às mesmas transformações que acontecem no âmbito familiar para agradar à mulher e aos filhos é o grande desafio, o segundo grande pilar, na construção da felicidade.
É óbvio que essa “entrega” à vida familiar exige uma mudança de conceitos e comportamentos – muitas vezes em conflito com a idéia de que se trata de uma perda de tempo. Não há perda, tenha certeza. Inversamente, não há frustração maior, hoje e amanhã, às vésperas da aposentadoria, do que perceber que foi inútil a opção de pensar em construir riquezas. Os filhos distantes (quando não atingidos por problemas que você não soube ajudar a resolver) deixarão um sentimento de vazio, de acabar sozinho.
Nestes dias em que a figura do pai está mais em destaque, pense em algumas atitudes práticas. Permita-me algumas dicas: acompanhe mais a vida escolar dos filhos (resolva com eles um problema de matemática, de português ou história); procure acompanhá-los em seus divertimentos preferidos (um jogo de futebol, um passeio de bicicleta); mergulhe nas atividades deles no mundo da internet (conheça suas comunidades e seus blogs, respeitando os segredinhos, mas dando conselhos). Aproveite esse período em que será – ainda mais – o centro das atenções de seus filhos para afrouxar a gravata, aliviar as rugas de tensão que movem esse estressante “mundo adulto”. Livre-se de preocupações trabalhistas, pendências financeiras, compromissos empreendedores. Empreenda sim, atenção exclusiva a esse tesouro tão valioso que está sob seus olhos.
Enfim, o importante é você se conscientizar de que a felicidade pode estar mais perto do que parece. Comece a brincar, a trocar mais idéias. Os filhos serão eternamente gratos e darão sentido a sua dedicação. É o Pai que terão presente em suas vidas, mesmo quando você já não estiver entre eles.
*Milton Dallari é diretor de administração e finanças do Sebrae-SP, conselheiro da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp – e pai