Para diminuir o número de cesarianas foi inserida na cobertura dos planos a presença obrigatória de acompanhantes durante o parto – seja o pai, uma outra pessoa a pedido da mulher ou uma enfermeira obstetra
Segundo levantamento realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, ANS, cerca de 85% dos partos feitos, em 2008, em hospitais particulares do Brasil foram cesarianas. Há cinco anos, esse índice era de 79,2%. Esse número deve ser encarado como um alerta, principalmente quando se leva em consideração o recomendado pela Organização Mundial de Saúde, OMS, que é de 15% de cesáreas. “Com certeza, este aumento não se deve ao aumento de motivos reais para a realização deste tipo de parto, como os casos de alguns problemas cardíacos da mãe ou quando a placenta recobre o colo do útero. A maioria das cesáreas é agendada com antecedência. As razões para este aumento alarmante são culturais”, diz o ginecologista e obstetra Aléssio Calil Mathias, diretor da Clínica Genesis.
Segundo Mathias, muitas mulheres ainda temem as dores do parto normal “por não receberem informações adequadas”, defende o ginecologista. A hora certa de ir para a maternidade é uma das principais dúvidas quando se chega ao fim da gravidez. Alguns sinais indicam que o momento está próximo, mas eles variam de mulher para mulher e diferem a cada gestação. “O mais provável é que o trabalho de parto se inicie na forma de cólicas-contrações. Esse é o sinal mais comum para 60% das mulheres. Outro indício de que chegou a hora é a ruptura da bolsa, identificável pelo vazamento de líquido amniótico pela vagina, que ocorre em 20% das gestações. O aviso de que a hora chegou também pode ser um pequeno sangramento. Apenas em menos de 2% dos casos, as mulheres não apresentam nenhum destes sintomas”, explica o diretor da Clínica Genesis.
“Conhecer estes sinais de alerta pode ser útil para avaliar, com mais precisão, principalmente na primeira gravidez, se realmente é o momento de pegar as malas e ir para a maternidade. É comum que no fim da gestação, a ansiedade aumente, o que costuma atrapalhar a interpretação correta destes indícios”, conta Aléssio Calil Mathias.
Sobre cólicas e contrações
Embora as contrações sejam o prenúncio mais comum do início do trabalho de parto, na forma de cólicas, elas são também o sinal que mais confunde as grávidas. Isso porque o nono mês de gestação é um período no qual a mulher pode se sentir menos confortável com o corpo. É normal que ela esteja inchada, registrando uma pressão maior sobre os órgãos internos e sentindo mais o peso do bebê, que vai encaixando-se na pelve. Tudo conspira para que ela confunda pequenos mal-estares com cólicas. “Para ter certeza de que as dores são a do nascimento, saiba que inicialmente elas são pequenas, aparecem na parte final da coluna ou na bexiga e são acompanhadas do endurecimento do útero, diferentemente das contrações normais e indolores, que ocorrem a partir do quinto mês, quando a barriga endurece e amolece, sendo conhecidas como contrações de Braxton-Hicks”, explica o ginecologista.
Para evitar o vai-e-vem à maternidade, a grávida deve observar se as contrações são regulares, se a intensidade tende a aumentar e se o intervalo entre elas diminui. “No primeiro filho, recomendamos que a grávida espere para sair de casa quando contar contrações regulares a cada cinco minutos, por cerca de 40 minutos. A partir do segundo filho, principalmente se os outros nasceram de parto normal, é melhor não esperar tanto”, explica o diretor da Clínica Genesis.
E se a bolsa romper…
Quando a bolsa que envolve o bebê se rompe, o nascimento costuma ocorrer em, no máximo, 24 horas. “A ruptura da bolsa nem sempre é tão fácil de identificar. Quando acontece na parte inferior, um volume grande de líquido vaza de uma só vez. Se ela se dá em regiões mais altas, os jatos são intermitentes e menores, como se a grávida estivesse perdendo urina. Para tirar dúvidas, saiba que o líquido amniótico tem um cheiro bem diferente do da urina e a coloração lembra água-de-coco”, explica Mathias.
Diante de um sangramento
O trabalho de parto pode ainda começar com um sangramento, conforme a localização da placenta. “No caso das placentas conhecidas como baixas, prévias ou marginais, geralmente diagnosticadas no pré-natal, um sangramento vermelho-vivo poderá ocorrer nas primeiras contrações, ou mesmo sem elas”, diz o médico. Já a perda do tampão mucoso, de aspecto gelatinoso, que protege a entrada do útero, indica que o fim da gravidez se aproxima. A perda, com ou sem sangramento, pode acontecer de algumas horas até 15 dias antes do parto.
“Desde o início do pré-natal, procuramos conscientizar as gestantes que acompanhamos que não faltam avisos que indicam que o trabalho de parto vai começar. Nenhum bebê nasce tão rapidamente a ponto da mãe não perceber o gradual aumento dos sinais de que ele vai nascer… Se durante os nove meses a mãe for bem orientada e acompanhada, o parto normal passa a ser a escolha sua escolha natural”, afirma Aléssio Calil Mathias.
Importância da companhia na hora do parto
A mulher precisa se sentir segura e confiante para dar à luz. “A mais eficiente tecnologia para o sucesso de um parto é bem antiga: é o suporte emocional e o apoio que a mulher recebe de um acompanhamente de confiança durante o parto. Essa companhia pode ser do marido, da mãe, de sua irmã, de seu pai, de um filho ou de alguém próximo”, conta o diretor da Clínica Genesis.
Não é fácil para uma mulher grávida, prestes a ter uma criança, chegar ao hospital sozinha. “É nessa hora que o apoio de um acompanhante pode contribuir para o sucesso desse momento. Estudos apontam que a presença de alguém de confiança da mãe na sala de parto tende a reduzir as chances de cesariana, as indicações de analgesia e o tempo do trabalho de parto, além de aumentar a satisfação da mulher”, defende Aléssio Calil Mathias.
Legalmente – Lei N ° 11.108, de 7 de abril de 2005 – é direito da mulher dar a palavra final sobre quem deve ficar ao seu lado nesse momento. Afinal, a pessoa que a acompanhará no parto precisa oferecer suporte emocional e fazer com que ela se sinta segura. Na maioria dos casos, quem cumpre esse papel é o marido. Mas não há uma regra. É a mulher que, tendo liberdade de escolha, pode optar pela companhia da mãe, avó ou de uma prima. “Se o marido for o acompanhante há benefícios adicionais. Já sabemos que é nos primeiros momentos de vida fora do útero que se estabelece o vínculo mãe-filho. Quando o pai está presente, ele participa desse processo e, a partir daí, a dinâmica familiar ganha outra dimensão”, diz o médico.
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