Farmacêutica do Hospital Bandeirantes alerta que 20 mil pessoas morrem no Brasil todo ano. A divulgação de notícias sobre a Gripe Suína vem levando muitos brasileiros a adotar uma prática que pode atrapalhar o diagnóstico deste mal e de outros: a automedicação. “Independente da idade, a automedicação não é aconselhável. Os medicamentos servem para diminuir e aliviar sintomas e têm o objetivo de curar, mas se usados de forma incorreta, podem piorar as doenças e até criar outros efeitos indesejáveis”, alerta Adriane Mitiko, farmacêutica e coordenadora de suprimentos do Hospital Bandeirantes.
A farmacêutica ressalta que a prática de ingerir medicamentos por conta própria, sem que um médico acompanhe é extremamente perigosa. “Só estes profissionais têm a competência plena (junto com o respaldo técnico de farmacêuticos e enfermeiros) de avaliar se a ingestão de determinadas drogas, sejam elas de uso único ou em conjunto com outras, podem alterar alguma função do organismo e causar reações adversas ou não”, explica.
O alerta de Adriane Mitiko é muito importante, pois segundo a Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), cerca de 20 mil pessoas por ano morrem no Brasil por conta da automedicação.
Em crianças, o mau hábito é mais perigoso ainda, já que a ingestão de remédios pode levar ao aparecimento de diversas doenças, além de mascarar outras em evolução, atrasando o diagnóstico e tratamentos corretos. “Dar remédio aos pequenos pode levar a enfermidades com conseqüências iatrogênicas (que causa danos em decorrência de procedimentos terapêuticos) como resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade, dependência e sintomas de abstinência”, esclarece Mitiko.
Na opinião de Adriane Mitiko, deveria existir um controle severo dos remédios que não precisam de receita médica para a sua comercialização, como antigripais e analgésicos, por exemplo. “Sinceramente, acredito que qualquer substância que se classifique como medicamento, seja ela em forma de líquido, cápsulas ou pomadas, deveria ser vendida mediante prescrição médica, pois é muito comum o desencadeamento ou somatização de efeitos colaterais por interação de medicamentos”.
O perigo da automedicação é real, mas as pessoas não percebem. A farmacêutica dá um exemplo: “Imagina se o cidadão passou no médico que receitou uma medicação (já contando com os efeitos colaterais especificados em bula) que trataria a patologia mencionada em consulta. Mas este paciente resolve adquirir outro remédio que ele julgue inofensivo, porém esta droga interage com o prescrito e provoca reações indesejáveis que podem ser leves, moderadas, graves ou até letais. O médico que receitou a união correta de fármacos não consegue evitar a situação, pois a venda de medicamentos no Brasil é muito livre”.
Adriane Mitiko informa ainda que existe a ‘automedicação orientada’ onde as pessoas utilizam prescrições antigas para comprar remédios hoje, porém esta receita foi indicada para a patologia no momento da consulta e não para uso contínuo”, ressalta.
Outro comportamento que estimula a automedicação é se consultar com farmacêutico (por formação ou por ser dono de uma farmácia há muitos anos). As pessoas, seja por confiança no profissional ou por falta de acesso a médicos, chegam na farmácia e questionam sobre qual remédio é bom para resolver o seu problema.
“Nós, como farmacêuticos, nos sentimos honrados com o reconhecimento da população, mas os bons profissionais desta área têm consciência da obrigação em conscientizar que a prescrição de medicamentos é uma conduta única e exclusiva dos médicos”, expõe a farmacêutica do Hospital Bandeirantes, Adriane Mitiko, que conclui: “a automedicação é uma prática condenada por bons profissionais da saúde”.