O IBOPE Inteligência, em parceria com a rede global de pesquisas Worldwide Independent Network of Market Research (WIN), divulga pesquisa global sobre a percepção da população mundial em relação à pandemia causada pelo vírus Influenza A (H1N1). O estudo ouviu 18.558 pessoas, em 19 países, sobre a preocupação com a pandemia e o quanto os governos estão ou não preparados para lidar com o risco de uma epidemia em seu país. Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bolívia, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Holanda, Islândia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Suíça participaram do estudo.
A pesquisa inédita aponta para a baixa preocupação da população com a ameaça da gripe suína. Na média mundial, apenas 28% dos entrevistados manifestaram estar “bastante” ou “extremamente” preocupados com a doença em seu país, o equivalente a aproximadamente um quarto da população mundial.
Preocupação
As populações menos preocupadas estão nos países da União Européia, com exceção de França e Itália, países em que 40% e 27% dos entrevistados, respectivamente, manifestaram preocupação.
A China, por sua vez, é o país com taxa de preocupação mais elevada, de 64% dos entrevistados.
Da mesma forma, também a América Latina apresenta elevados índices de preocupação, liderados por Bolívia, com 59%, Argentina (41%,), Brasil (36%) e México (33%).
Confiança nos governos
No tocante à percepção da população sobre o nível de capacitação dos governos para enfrentar o problema, os europeus sãos os que mais se consideram preparados para enfrentar uma eventual epidemia de gripe suína. Dos nove países pesquisados no continente, seis possuem índices superiores a 60% nessa questão.
A população mais preocupada do planeta também se sente, em contrapartida, muito bem preparada: para 71% dos chineses o país está pronto para enfrentar a Influenza A.
Na América Latina, México e Brasil, sentem-se razoavelmente preparados, de acordo com 43% e 40% dos entrevistados, respectivamente. Argentinos e bolivianos, por sua vez, são os que menos consideram seus governos preparados para controlar a gripe suína, com índices de confiança de apenas 14% e 12%, respectivamente. Talvez por isso, estas também constem entre as populações mais preocupadas do mundo (perdendo apenas para os chineses).
Perfil das pessoas mais preocupadas
De acordo com a pesquisa, foi constatado que as mulheres tendem a estar mais preocupadas do que os homens e menos seguras com relação ao preparo dos países. O indicador de preocupação das mulheres aferido é de 32%, deixando os homens com 24%. Quanto à confiança nos governos, estes estão capacitados apenas para 44% das mulheres, enquanto 49% dos homens acreditam que seus países estão preparados.
Ainda do ponto de vista global, também foi verificado que os mais jovens tendem a se preocupar mais: 32% de quem possui menos de 35 anos declaram-se preocupados. Entre aqueles que possuem de 35 a 54 anos esse número é de 27% e, entre os maiores de 55 anos, cai para 23%.
Preocupação brasileira
De uma maneira geral, os brasileiros não estão muito preocupados com a ameaça da Gripe Suína e, ao mesmo tempo, não se consideram particularmente preparados para uma epidemia.
Ao contrário do aferido mundialmente, não foi verificada mudança de opinião na variação das faixas etárias.
Entretanto, a premissa de que as mulheres se preocupam mais também foi constatada entre as brasileiras. O indicador de preocupação com elas foi de 43%, superando muito a preocupação masculina, confirmada por 27% dos homens entrevistados. Com relação ao preparo do país, 50% das mulheres apontam que o Brasil não está preparado, enquanto o índice cai para 45% entre os homens.
Analisadas as respostas de acordo com o perfil socioeconômico, verificou-se que os mais pobres estão muito mais preocupados. Nas classes DE, a preocupação atinge o índice de 42%, sendo reduzido na medida em que aumenta a classe socioeconômica: 37% na classe C e 27% na AB.
Em termos regionais, a população do nordeste se mostra bem mais preocupada do que as demais: 44%. No norte, os preocupados somam 34%. Já as regiões sul e sudeste apresentam índice de preocupação de 36% e 31%, respectivamente.
Realidade versus percepção
Uma das conclusões do estudo também aponta que parte dos resultados não têm relação direta com a incidência da gripe suína nos países. No Canadá, país com maior incidência da gripe tipo A (231 casos por milhão de habitantes), apenas 20% dos entrevistados consideram-se bastante ou muito preocupados e 40% consideram seu país preparado para enfrentar a epidemia.
O mesmo acontece nos EUA, onde há o maior número de casos confirmados, e também na Austrália. No México, país de origem da doença, já com mais de 100 mortes, apenas 33% consideram-se bastante ou muito preocupados.