O British Medical Journal acaba de publicar uma pesquisa que demonstra que alguns grupos de alimentos da dieta mediterrânea são mais poderosos que outros para a promoção de saúde. Vale recordar que a dieta mediterrânea é uma alimentação rica em peixes, verduras, legumes, frutas, cereais (melhor se forem integrais), azeite e outras fontes de ácidos graxos insaturados, e baixo consumo de carnes e laticínios e outras fontes de gorduras saturadas, além do uso moderado, porém regular, de álcool. Pesquisas têm revelado que a dieta mediterrânea reduz o risco de doenças cardiovasculares e da Doença de Alzheimer e está associada a uma maior longevidade.
Mais de 23 mil indivíduos na Grécia foram acompanhados por uma média de 8 anos, e numa escala de nove pontos em que cada ponto era atribuído ao consumo regular de uma classe de alimento da dieta mediterrânea, o aumento em dois pontos nessa escala conferiu uma redução de mortalidade em 14%. Em outras palavras, a pesquisa conseguiu demonstrar de forma inédita que o efeito positivo das diferentes classes de alimentos teve um efeito cumulativo.
Os hábitos alimentares mais associados a uma maior longevidade foram: consumo moderado de álcool, baixo consumo de carnes, e alto consumo de verduras, frutas, legumes, castanhas e azeite. Na ausência desses componentes, os benefícios da dieta mediterrânea eram significativamente reduzidos. Por outro lado, o padrão de consumo de laticínios, cereais, peixes e frutos do mar não fez muita diferença na longevidade dos participantes. Isso não quer dizer que se deve passar a exagerar no consumo de laticínios ou retirar do cardápio os peixes e cereais integrais, pois essas seriam atitudes nada inteligentes.
Dr. Ricardo Teixeira – Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog “ConsCiência no Dia-a-Dia” www.consciencianodiaadia.com e consultor do Grupo Athena.