* Nas últimas quatro décadas (1970-2008), a incidência de derrame cerebral diminuiu em 42% em países ricos e aumentou mais de 100% em países de baixa e média renda, sendo que o Brasil se encaixa nesse último caso. Na última década, a incidência de derrame cerebral em países de baixa e média renda ultrapassou pela primeira vez a dos países ricos (20% maior).
* Num intervalo de dez anos (1995-2006) houve uma redução relativa de um terço na incidência e mortalidade por derrame cerebral e na sua taxa de fatalidade na cidade de Joinville-SC. A redução da incidência de derrame cerebral sugere que a população recebeu mais assistência primária e melhores ações preventivas: controle de pressão alta, diabetes, colesterol, redução do tabagismo, etc. A redução da incidência na mortalidade reflete, em parte, um melhor atendimento em nível hospitalar. Os indicadores demonstrados são comparáveis aos de países ricos.
* A combinação de quatro atitudes saudáveis é capaz de reduzir pela metade o risco de derrame cerebral: a) não fumar; b) atividade física regular; c) consumo diário de frutas e verduras; d) consumo moderado de álcool.
* Consumo de peixe, além de reduzir o risco de derrame cerebral, também reduz o acúmulo de isquemias cerebrais silenciosas. Importante: esse efeito protetor ao cérebro não existe quando o peixe é frito.
* O consumo de café está associado a uma redução da mortalidade, especialmente pela redução de infarto do coração e derrame cerebral. Quatro a cinco xícaras por dia trouxe mais benefícios que consumos menores.
* As medicações do tipo estatinas reduzem o risco de um primeiro evento cardiovascular entre indivíduos com fatores de risco como a hipertensão arterial e o diabetes, especialmente os >s de 65 anos. A medicação promoveu redução do risco em 30% no caso do infarto do coração e 19% do derrame cerebral.
* Confirmação de resultados de pesquisas anteriores de que a terapia de reposição hormonal durante a menopausa, mesmo que iniciada precocemente, aumenta o risco de derrame cerebral, trombose nas veias e câncer de mama.
* Um centro especializado em derrame cerebral nos EUA assistiu mais de 200 pacientes com derrame cerebral na fase hiperaguda em hospitais remotos através de videoconferência ou consulta telefônica. Uma análise posterior à decisão do tratamento por um painel de experts revelou que as decisões foram corretas em 98% dos pacientes assistidos por videoconferência e em 82% daqueles assistidos por consulta telefônica.
* Pacientes com derrame cerebral na fase aguda submetidos à musicoterapia apresentou uma melhor recuperação nos domínios da memória e atenção. Apresentaram também menos sintomas depressivos e de confusão mental. Os pacientes recebiam um CD player portátil e CDs com músicas de preferência, e ouviam música por uma hora diária nos primeiros dois meses após o derrame cerebral.
* Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico em saúde. É também titular do Blog “ConsCiência no Dia-a-Dia” – www.consciencianodiaadia.com.br