Estudo inédito com 1.042 pessoas foi feito com a utilização de marcadores genéticos de brasileiros e mostrou que descendentes de europeus têm mais chances de desenvolver apneia do sono. A ancestralidade genética pode indicar se uma pessoa, independentemente da faixa etária ou do tipo de vida que ela leva, terá maior risco de desenvolver apneia, que é um distúrbio respiratório associado ao sono. O tema “Influência da ancestralidade genética na pré-disposição para apneia obstrutiva” será abordado durante o Congresso Mundial de Medicina do Sono, realizado entre os dias 9 e 11 de novembro, em São Paulo.
Um estudo epidemiológico feito em 2009 no Brasil através de marcadores genéticos com 1.042 pessoas de diferentes grupos étnicos comprovou que os indivíduos com apneia do sono apresentavam em média 78% de ancestralidade europeia. Em indivíduos sem o distúrbio, essa porcentagem caiu para 73%. Por outro lado, a ancestralidade africana apareceu como um fator protetor para esse distúrbio de sono e a ancestralidade asiática ou indígena não mostrou ser fator de risco.
Esse trabalho, feito no Departamento de Psicobiologia da Unifesp foi composto de indivíduos entre 20 e 80 anos, sendo 55.7% de mulheres e 44,3% de homens de todas as classes sociais da cidade São Paulo. “Constatamos com esse estudo que a população de São Paulo, em quase sua totalidade, tem algum traço de miscigenação”, diz a pesquisadora, que ressalta que esse é o primeiro trabalho, com esse perfil, feito em todo o mundo.
“A técnica utilizando marcadores genéticos é inovadora e esclarecedora: com os marcadores espalhados pelo genoma, conseguimos quantificar o percentual de ancestralidade da pessoa. Esse estudo mostra pela primeira vez que a etnia e a genética são fatores determinantes na manifestação desse distúrbio”, explica a geneticista e pesquisadora da Unifesp, Camila Guindalini, responsável pela apresentação do estudo durante o evento.