Carlos Leonor e João Ferreira são acusados de terem matado o senador Olavo Pires em 1990. Caso caminhava para prescrição em 2010
Edson Sardinha
Dezoito anos e seis meses depois do crime, a Polícia Civil de Rondônia indiciou, pela primeira vez, dois suspeitos de assassinarem o senador Olavo Pires (PTB-RO). O titular da Delegacia de Homicídios de Porto Velho, delegado Márcio Mendes Moraes, confirmou ao Congresso em Foco o indiciamento de Carlos Leonor de Macedo, o Perneta, e João Ferreira Lima, acusados de serem os autores dos 11 disparos que mataram o senador, em 16 de outubro de 1990.
O delegado também pediu a prisão temporária da dupla por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período. Carlos Leonor está preso em Santarém (PA) desde o dia 27 de fevereiro, por porte ilegal de armas. João Ferreira encontra-se na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), acusado de participar de uma quadrilha especializada em assalto a bancos e carro-forte.
Márcio Mendes tem um mês para apresentar seu relatório ao Ministério Público estadual, ao qual caberá oferecer a denúncia à Justiça. O indiciamento dos suspeitos é a primeira medida concreta para evitar a prescrição do crime.
“Entendo que já há elementos para uma eventual denúncia por parte do Ministério Público”, afirmou o delegado, que descarta, por enquanto, pedir a transferência dos presos para Porto Velho.
Caso a Justiça não receba a eventual denúncia do Ministério Público de Rondônia, o Estado brasileiro perderá o direito de punir os culpados mesmo que eles confessem o assassinato a partir do dia 17 de outubro de 2010, quando o homicídio completará 20 anos.
No último minuto
“Até hoje ninguém havia dado esse passo. Que seja aos 46 minutos do segundo tempo, mas que esse caso não fique impune”, comemorou o ex-deputado Emerson Serpa Pires, filho do senador, ao ser informado sobre o indiciamento de Carlos Leonor e João Ferreira.
Para Emerson, a polícia está no caminho certo ao apontar a dupla como autora do crime, mas ainda precisa avançar na apuração dos mandantes. Desde 1990, Carlos Leonor e João Ferreira foram presos ao menos três vezes por crimes como homicídio, assalto a banco, contrabando, furto de veículo e posse de armas e munições de uso exclusivo das Forças Armadas.
João Ferreira foi o responsável por tirar do esquecimento o caso Olavo Pires ao confessar, em fevereiro, ser o autor dos disparos que mataram o senador. Logo em seguida, voltou atrás e disse ter sido convidado para acompanhar a execução. Convite que teria sido rejeitado, segundo ele.
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