O Recife terá um espaço dedicado à celebração e valorização do frevo, manifestação cultural que é um dos principais ícones da identidade pernambucana. O Paço do Frevo se tornará uma referência cultural, arquitetônica e histórica de todo o País, contribuindo para perpetuar a riqueza desse patrimônio cultural e imaterial brasileiro.
O projeto está orçado em R$ 8,7 milhões e é uma iniciativa da Prefeitura de Recife, com realização da Fundação Roberto Marinho; patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da em Empresa de Turismo do Governo de Pernambuco; e apoio do Grupo Camargo Correa, da Celpe – Grupo Neoenergia – e do Ministério da Cultura e Lei de Incentivo à Cultura. O Paço do Frevo terá sua museografia assinada pela artista Bia Lessa e será um centro difusor do frevo e da cultura pernambucana e também um ponto de encontro de profissionais e do público em geral. A ideia é estimular o aprendizado do frevo, de sua história, música e dança e promover ações educativas, com a realização de oficinas, exposições e apresentações especiais. Reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial do Brasil, o frevo comemorou 100 anos em 2007. “O Frevo finalmente ganhou um espaço capaz de abrigar o seu riquíssimo passado, dialogar com o seu presente cheio de vitalidade e ajudar na construção de um futuro ainda mais caloroso” – comentou João da Costa, prefeito do Recife.
“Com a criação do Paço do Frevo, a Fundação Roberto Marinho pretende promover a valorização do frevo e incentivar que a população assuma cada vez mais a sua preservação”, afirma Lúcia Basto, gerente-geral de Patrimônio da instituição.
O edifício de arquitetura eclética que vai abrigar o Paço do Frevo será totalmente recuperado. Com quatro pavimentos e 1.733m², o imóvel fica no Bairro do Recife e faz parte do complexo turístico das cidades do Recife e de Olinda, tombado pelo IPHAN desde 1998. Até 1973, nele funcionava a sede da Western Telegraph Company.
O projeto prevê a restauração das fachadas do prédio e a adaptação dos seus espaços internos. No térreo, haverá um bar e uma loja integrados; uma biblioteca; sala de consulta; e sala de exposições temporárias, entre outras áreas administrativas.
O primeiro pavimento será dedicado à música. Nele, haverá salas de ensaio e um estúdio de gravação. O segundo será exclusivo para dança, com salas de aula e ensaio; e oficinas de figurino e de cenário. No último andar, o público terá a oportunidade de conferir uma exposição permanente; assistir a espetáculos de música, dança e vídeos sobre o frevo.
O Frevo
O Frevo surgiu no Recife há mais de 100 anos. Seu nome vem de “ferver, fervura” e resume bem o entusiasmo e a paixão de seus dançarinos. Derivado da uma gama de ritmos que vão desde o schottisch austríaco e da polca até o dobrado e a marcha, foi inicialmente chamado “marcha nortista” ou “marcha pernambucana” e nos primórdios trazia capoeiristas à frente do cortejo. Até as sombrinhas coloridas, usadas nos passos de dança, seriam uma estilização das utilizadas inicialmente como armas de defesa dos passistas.
O gênero musical se divide em três tipos: frevo de rua, instrumental e feito pra dançar, que ainda se subdivide em frevo de abafo, frevo-coqueiro e frevo-ventania; frevo canção, versão cantada que já foi interpretada por grandes nomes da música; e frevo de bloco, executado por orquestra de pau e cordas e chamado pelos compositores mais tradicionais de “marcha-de-bloco” – suas letras e melodias geralmente trazem um misto de saudação e evocação. Dois de seus mais conhecidos compositores são Nelson (Heráclito Alves) Ferreira (1902-1976) e Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa, 1904-1997).