A relação entre sono e acidentes de trânsito é um dos assuntos mais discutidos durante o 3º Congresso Mundial de Medicina do Sono. Dados são alarmantes e revelam problema de saúde pública. Sono e volante caminham em direções opostas. No Brasil, cerca de 10 mil pessoas morrem por ano por causa de acidentes ocasionados por algum distúrbio do sono. A explicação pelo alto índice está no estudo feito pelo Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE) e apresentado durante o 3º Congresso Mundial de Medicina do Sono, realizado entre os dias 9 e 11 de novembro, em São Paulo.
As conclusões indicam que, em média, um motorista profissional durante uma viagem de oito horas, chega a cochilar oito vezes, ou seja, 1 cochilo por hora. Isso revela, que a associação entre trânsito e distúrbio de sono é um problema de saúde pública e é um dos assuntos mais debatidos nesse evento, que conta com mais de 2300 profissionais do sono.
Problema de saúde pública
Outro dado relevante e que aponta outro agravante é uma pessoa com sono atrasado, com peso de 70 kg e que fica acordada por 19 horas seguidas reage como se tivesse ingerido quatro copos de cerveja. Ou seja, ficar muito tempo acordado também é um risco para a saúde coletiva.
Segundo Marco Túlio de Mello, coordenador do Centro de Estudo Multidisciplinar em Sonolência e Acidentes (Cemsa), são muitos os impactos do sono no trânsito. “A pessoa que fica um longo período sem dormir, muitas vezes não percebe a real condição e acha que está apta ao volante. Porém, quando o sono chega, o motorista não tem como controlar. Resultado: vem o primeiro cochilo e, em seguida, a consequência devastadora de um acidente fatal”, diz Mello.