O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, lançará nos dias 10 e 11 de agosto dois foguetes de treinamento básico. O objetivo da operação, denominada de FogTrein I, é treinar as equipes do CLA e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), além da qualificação e certificação dos foguetes e testes de equipamentos. Mas antes desses lançamentos, o CLA fará no dia 7 uma simulação completa como parte de toda a operação.
Os foguetes que serão lançados devem alcançar mais de 30 quilômetros de altura e cair em alto-mar a mais de 16 quilômetros da costa. Fabricado pela empresa brasileira Avibras, os foguetes – com tecnologia quase 100% nacional – têm pouco mais de três metros de comprimento, pesam cerca de 68 kg, e levarão 5 kg de carga útil para experimentos tecnológicos. Conforme o presidente da Agência Especial Brasileira (AEB), Carlos Ganem, esses lançamentos são o resultado do desenvolvimento do setor aeroespacial brasileiro e a oportunidade de capacitar os recursos humanos e alcançar a independência tecnológica do país, com aplicações e benefícios no cotidiano da sociedade.
Ganem explica que o negócio espacial no mundo é rentável e promissor para as nações que desenvolvem programas espaciais. “Este mercado mundial movimentou em 2008 cerca de US$ 170 bilhões. O Brasil tem a ambição de conquistar uma pequena fatia deste segmento. Ficar fora desse negócio é desperdiçar uma oportunidade única”, comenta o presidente da AEB.
Programa Espacial Brasileiro
O investimento em atividades espaciais no Brasil trouxe benefícios dos mais diversos: pesquisas de novos medicamentos, materiais e equipamentos eletrônicos, cartografia com a utilização de satélite, imagens em tempo real da localização de queimadas e desmatamento, e informações meteorológicas. Os foguetes são um pilar do programa espacial brasileiro, desde sua criação em 1961. O primeiro deles, um Nike-Apache, decolou em 1965, do Rio Grande do Norte. De lá para cá, centenas de foguetes foram lançados, tanto no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal, quanto do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
O CLA surgiu na década de 80, no Maranhão, com o objetivo de dotar o País de um local para envio de engenhos espaciais . Sua instalação trouxe, dessa forma, a possibilidade de o Brasil lançar, a partir do próprio território, foguetes de sondagem e veículos lançadores de satélites. A partir da criação da Agência Espacial Brasileira (AEB) em 1994, a comunidade científica foi estimulada a participar no desenvolvimento de pesquisas.
Neste sentido, a AEB criou os programas Microgravidade e Uniespaço, destinados a fomentar projetos de pesquisas de interesse, tanto de universidades, como do setor espacial. Em todo o mundo, menos de uma dezena de países lançam foguetes, e pouco mais de 20 nações desenvolvem satélites. O que elas têm de vantagem, e o Brasil se inclui nesta lista, é poder usar essa tecnologia para atender de maneira autônoma as suas prioridades nacionais.
Alexandre Gonzaga
Agência Espacial Brasileira – Comunicação Social