A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apóia a decisão da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibindo no Brasil o uso de equipamentos para bronzeamento artificial para fins estéticos que utilizam tecnologia de emissão de radiação ultravioleta. A partir de hoje, quarta-feira, 11 de novembro, data de publicação da resolução no Diário Oficial da União, nenhuma clínica do país pode realizar o procedimento.
Para a Dra. Selma Cernea, coordenadora da Campanha de Prevenção ao Câncer da Pele da SBD, esta é uma vitória pela qual a entidade vem brigando há muito tempo. “O aumento do risco de desenvolver a doença está mais do que comprovado. Há fatores genéticos para o câncer sobre os quais não podemos interferir, mas os ambientais temos de evitar”, alerta, explicando a quem se expôs em câmaras que não é preciso entrar em pânico, mas é importante redobrar a atenção. “É preciso ficar alerta a modificações na pele, observar se as pintas crescem, mudam de cor ou sangram”, orienta.
Ficam de fora da proibição equipamentos com emissão de radiação ultravioleta destinados a tratamento médico ou odontológico, desde que registrados na Anvisa. A resolução revoga norma anterior de 2002 que tornou obrigatória a avaliação médica e proibiu a utilização das câmaras por pessoas com sardas, manchas ou pintas, que tivessem histórico familiar de câncer da pele ou com doenças autoimunes, entre outras limitações.
AUDIÊNCIA PÚBLICA MOTIVOU DECISÃO
Mais recentemente, em setembro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia participou de uma audiência pública aberta pela Anvisa que debateu os riscos, fiscalização e atual situação das câmaras de bronzeamento artificial no país. Na ocasião, o Dr. Nilton Nasser, coordenador do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD afirmou que, além de todos os riscos de aumento da incidência de câncer da pele, a exposição aos raios UVA também afeta o sistema imunológico e pode acarretar outros males, como o desenvolvimento de herpes simples, fotoalergias, fotodermatoses, além de promover interações medicamentosas graves.
Para o Dr. Marcus Maia, médico dermatologista e membro da SBD, o câncer da pele não pode ser considerado uma fatalidade porque se conhece suas causas e sabe-se quem poderá desenvolvê-lo. “Atualmente, os mecanismos para evitar que o câncer da pele ocorra são amplamente conhecidos. Não é possível que o mundo não se mobilize em relação a isso. Teoricamente, o câncer da pele não era para existir visto que conhecemos as causas e as medidas de prevenção”, acrescenta.
A CAMPANHA DE PREVENÇÃO AO CÂNCER DA PELE DA SBD
A proibição das câmaras de bronzeamento pela Anvisa vem num momento muito importante para a SBD. A pouco menos de um mês de sua Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, no dia 5 de dezembro, a entidade considera que este é um grande passo para diminuir os índices da doença, considerada o tipo de câncer mais comum no Brasil, acometendo mais de 120 mil pessoas anualmente, segundo o INCA.
Com cobertura simultânea em 23 estados, a campanha deste ano será realizada das 8h às 16h, ininterruptamente, em hospitais públicos credenciados, postos de saúde e tendas montadas em pontos de grande circulação. Os pacientes serão atendidos pelas equipes médicas e, apresentando suspeita de câncer da pele, serão encaminhados para tratamento totalmente gratuito.
Os endereços dos locais de atendimento poderão ser consultados, a partir do dia 15 de novembro, pelo site da SBD (www.sbd.org.br) – e também gratuitamente pelo número 0800-7013187.