Não é de hoje que o mercado educacional brasileiro atrai investimentos estrangeiros. Em 2005, o grupo de investidores americano Laureate realizou a compra do controle da rede de faculdades Anhembi Morumbi, de São Paulo. Em 2006, a americana Whitney International University adquiriu participação majoritária na Faculdades Jorge Amado, de Salvador. A mais recente aquisição neste setor aconteceu em março, deste ano, quando os executivos do grupo americano de ensino DeVry, com sede em Chicago e faturamento de 1 bilhão de dólares em 2008,arremataram 70% da Faculdades Nordeste (Fanor), com 10 000 alunos em cinco campi, no Ceará e na Bahia. O investimento divulgado foi de 55 milhões de reais.
Os grupos de investimentos estrangeiros foram atraídos por uma massa crescente de novos consumidores de educação no Brasil. Na última década, o número de alunos de graduação em escolas privadas no país passou de 1 milhão para cerca de 4 milhões. Na última década, o mercado quintuplicou seu valor e deverá movimentar neste ano 24 bilhões de reais. Boa parte desse crescimento pode ser creditada à ascensão da classe C – parcela da população com renda familiar mensal entre 1 000 e 4 600 reais, segundo o IPEA, e que até pouco tempo atrás era praticamente excluída do ensino superior.
A expectativa é que essa expansão melhore a posição do Brasil no ranking mundial de presença do ensino superior, elaborado pela Unesco. Hoje, o percentual de brasileiros em cursos de graduação é um dos menores do mundo – apenas 20% da população que poderia estar na universidade de fato frequenta os bancos escolares. Países vizinhos, como Argentina e Chile, estão muito à frente, com 61% e 43%, respectivamente.
Como o aumento de alunos nos cursos de graduação, a expansão da pós-graduação é também uma consequência natural do crescimento do número de formandos. Em alguns grupos, o aumento de matrículas já é maior no caso dos cursos de pós-graduação do que na graduação. É o caso do grupo paranaense Positivo, que faturou cerca de 1,3 bilhão de reais em 2008. Neste ano, o Positivo abriu 36 novos cursos de pós-graduação, dobrando sua oferta. As estimativas do Ministério da Educação indicam que o número de alunos de cursos de pós-graduação passe dos atuais 600 000 para 2 milhões, em três anos.
Em São Paulo, com uma experiência bem sucedida de cursos de pós-graduação e extensão em Odontologia, o CETAO, Centro de Estudos Treinamento e Aperfeiçoamento em Odontologia, também segue seu caminho de expansão e de crescimento de suas atividades. Criado há 11 anos, o CETAO é a única instituição de ensino superior presente em sete países. É possível que o cirurgião-dentista se aperfeiçoe em suas unidades espalhadas pelo Brasil, Japão, Espanha, Itália, Estados Unidos e em Portugal, onde, a partir de 2010, já será possível fazer cursos de especialização em Ortodontia e Implantodontia, reconhecidos pela União Européia. “Com o respaldo da nossa experiência educacional no campo odontológico, ampliamos nossa atuação e fundamos, em 2006, o Instituto de Ciências em Saúde, o ICS. O novo instituto vai concentrar seus esforços no aprimoramento profissional de médicos, biólogos e biomédicos. O ICS já oferece quinze cursos de extensão e aperfeiçoamento, sendo dois em nível de pós-graduação”, afirma o Prof. Dr. Alênio Calil Mathias, membro do conselho diretivo do CETAO e do ICS.
Como este novo investimento, o grupo contabiliza uma área construída de mais de 3000m2, totalmente destinada ao ensino em Saúde, numa das áreas mais nobres da capital de São Paulo, a região de Moema. São auditórios, laboratórios e consultórios voltados para o ensino teórico e prático de dentistas, médicos, biólogos e biomédicos. A consolidação do setor educacional, tanto com a chegada de grupos estrangeiros como com o avanço dos grupos nacionais, deverá continuar aquecida neste ano. As possibilidades para fusões e aquisições são enormes – pois cerca de 70% do mercado de graduação está nas mãos de pequenas instituições de ensino.