O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, confirmou hoje (7) quatro casos de Influenza A (H1N1), novo subtipo do vírus da gripe no Brasil.
São dois casos em São Paulo, um no Rio de Janeiro e um em Minas Gerais. Três deles vieram do México e um, dos Estados Unidos. Todos os infectados contraíram o vírus no exterior, são pacientes adultos jovens e passam bem. Não há crianças nem idosos entre os casos confirmados (veja detalhamento abaixo). Mais 15 estão em processo de análise, cujos resultados provavelmente sairão nesta sexta-feira.
Outros 93 testes de casos suspeitos e em monitoramento deram negativo. Ou seja, eles não estão com a doença. “O vírus chegou ao Brasil, mas não existe evidência de que circule no país. A situação está absolutamente sob controle”, disse o ministro. “Quero reiterar que a população fique tranquila. Isso demonstra que o sistema de vigilância no Brasil funciona com qualidade”.
A realização do diagnóstico específico da doença respiratória foi feita a partir da chegada ao Brasil dos kits com os insumos necessários, que foram enviados aos três laboratórios de referência da Rede de Vigilância de Influenza – Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro, e Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, e Instituto Evandro Chagas, em Belém.
As análises das amostras de secreções respiratórias coletadas nos pacientes suspeitos tiveram início nesta quinta-feira. Os resultados saíram antes das 72 horas inicialmente previstas. Os kits são suficientes para realizar todos os testes necessários no país, no momento. “Vamos continuar fazendo o mesmo trabalho, só que agora com uma arma muito importante, porque temos um reagente pronto para fazer o diagnóstico”, avaliou o ministro.
José Gomes Temporão ressaltou que, no Brasil, há 12,5 mil tratamentos prontos e matéria-prima para outros 9 milhões. “O Ministério da Saúde, os estados e os municípios, e também os médicos e os hospitais, todos estamos preparados e em plena ação para dar segurança à população e conter a doença no nosso país”.
Temporão também fez um alerta à população: “As pessoas não devem se automedicar, pois, além de perigoso para a sua saúde, os medicamentos podem mascarar a doença.”
DETALHAMENTO DOS CASOS
Caso 1
· Paciente de São Paulo que esteve no México de 17 a 22 de abril.
· Começou a manifestar os sintomas no dia 24 de abril.
· Ficou internado entre 29 de abril e 4 de maio.
· Passa bem.
· Como o maior período de transmissibilidade do vírus é de dez dias, este paciente não corre risco de infectar outras pessoas.
Caso 2
· Paciente de Minas Gerais que esteve no México de 22 a 27 de abril.
· Começou a manifestar os sintomas no dia 26 de abril, ainda no México.
· Foi internado no mesmo dia em que chegou ao Brasil.
· Recebeu alta no dia 29 de abril porque só tinha febre relatada, sem aferição por termômetro.
· Permaneceu em isolamento domiciliar até o dia 6 de maio.
· Passa bem.
· Como o maior período de transmissibilidade do vírus é de dez dias, este paciente não corre risco de infectar outras pessoas.
Caso 3
· Paciente de São Paulo que esteve em Miami e Orlando (Flórida/Estados Unidos).
· Chegou ao Brasil no dia 28 de abril.
· Começou a manifestar os sintomas no dia 29.
· Não foi internado porque, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, nesta data, a Flórida não era considerada área afetada pela doença nos Estados Unidos. Isto só aconteceria no dia 2 de maio.
· Foi mantido em isolamento domiciliar.
· Passa bem.
· Nenhum dos familiares manifestou sintomas.
Caso 4
· Paciente do Rio de Janeiro que esteve no México.
· Retornou ao Brasil no dia 3 de maio.
· Começou a manifestar os sintomas no dia 2 de maio, ainda no México.
· Está internado desde o dia 5 de maio.
· Passa bem.
MONITORAMENTO – Em 25 de abril, quando o país foi notificado pela OMS sobre casos confirmados de infecções de um novo subtipo de vírus da gripe – Influenza A (H1N1) – o governo brasileiro acionou o Gabinete Permanente de Emergência de Saúde Pública para acompanhar e determinar ações de prevenção à doença no Brasil. Desde então, o grupo se reúne todos os dias, na sede do Ministério da Saúde. Participam representantes dos Ministérios da Saúde, Agricultura, Defesa, Presidência da República e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
AÇÕES – O Brasil está bem preparado para uma possível pandemia de influenza. Isso porque o governo brasileiro já havia começado a estruturar sua rede de vigilância para influenza em 2000. Por causa de uma então possível pandemia de gripe aviária, em 2003, o governo brasileiro constituiu um comitê técnico para a elaboração do plano de preparação brasileiro para o enfrentamento de uma pandemia de influenza. Esse plano está pronto há mais de dois anos e começou a ser colocado em prática no momento em que o Brasil foi notificado pela OMS dos casos de Influenza A (H1N1), em 25 de abril passado.
O Brasil conta com 54 centros de referência, em todo o Brasil, preparados para tratar possíveis doentes. Estas unidades se enquadram em parâmetros exigidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o atendimento da doença, com área livre para isolamento de contato, equipamentos de proteção individuais para acompanhamento, exames e tratamento dos casos.
VIAJANTES – Com a elevação do nível de alerta da OMS de 4 para 5, a Anvisa passou a monitorar todos os vôos internacionais que chegam ao Brasil. Em caso de identificação de casos suspeitos, o viajante permanecerá a bordo, juntamente com passageiros próximos a ele para avaliação clínica e epidemiológica, e se necessário, encaminhamento para hospital de referência. Os demais passageiros serão liberados, após receberem informações sobre a doença.
Para aumentar a vigilância, a ANVISA ampliou seu quadro de funcionários nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro, principais portas de entrada dos vôos internacionais no Brasil. No momento, 82 funcionários se revezam em três turnos, em Guarulhos, e 55, no Galeão.
Ainda durante os voos, as tripulações das aeronaves estão orientadas a informar os passageiros sobre sinais e sintomas da influenza A (H1N1). Adicionalmente, a tripulação solicitará que passageiros com esses sintomas se identifiquem à tripulação. Esses passageiros identificados serão encaminhados para os postos da ANVISA ainda no aeroporto.
Ao desembarcar, todos os viajantes procedentes de países afetados, recebem folder/panfleto com informações, em português, inglês e espanhol, sobre os sinais e sintomas, medidas de proteção, higiene e orientações para procurar assistência médica. Complementarmente, a Infraero veicula, nesses aeroportos, informes sonoros sobre a doença.
Todos os passageiros vindos de outros países têm suas Declarações de Bagagem Acompanhada (DBA), retidas pela ANVISA. A DBA atua como fonte de informações para eventual busca de contatos se for detectado caso suspeito na mesma aeronave.
O passageiro procedente de país afetado que sentir os sintomas em casa após 10 dias de retorno da viagem deve procurar assistência médica na unidade de saúde mais próxima e informar ao profissional de saúde o seu roteiro de viagem.
Nas embarcações que chegam ao país, o comandante ou representante legal deve informar imediatamente à autoridade sanitária todos os casos que se encaixam na definição de suspeito para influenza A (H1N1). Nessa situação, as embarcações só recebem autorização para atracar após a inspeção sanitária a bordo, realizada em fundeio ou área designada.
Resíduos sólidos provenientes de aeronaves ou embarcações com casos suspeitos serão classificados como resíduos do tipo A, ou seja, potencialmente infectantes. O descarte desses resíduos passará por procedimentos de inativação microbiológica antes da destinação final.