Com um rebanho de aproximadamente 125 mil cabeças, a ovinocultura do Estado de Rondônia, a segunda do Norte do Brasil em quantidade de animais, será tema de uma série de encontros que inicia na próxima quarta-feira (13), em Porto Velho. O objetivo é apresentar os resultados de pesquisas recentes sobre a situação da cultura no Estado, revisar o sistema de produção e traçar estratégias para o fortalecimento da atividade, uma importante alternativa para o modelo de agricultura e pecuária familiar.
Além da apresentação do diagnóstico e do resgate histórico da atividade, o “Encontro sobre Ovinocultura da Região de Porto Velho e Ariquemes” aborda temas como alimentação e pastagem, controle de parasitas, sanidade e normas de abate. Haverá espaço para troca de experiências dos produtores e debate entre os participantes. O acesso será gratuito.
O encontro é uma iniciativa conjunta da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri) com a Emater/RO e a Embrapa Rondônia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Nos próximos dois meses serão realizadas outras edições do evento, em Ouro Preto d’Oeste, região central, e em Colorado d’Oeste, localizado no Cone Sul do Estado de Rondônia.
Um dos idealizadores do encontro, o pesquisador da Embrapa Rondônia, Ricardo Gomes Pereira, explica que a introdução das ovelhas nesta região da Amazônia coincide com a chegada dos primeiros colonizadores. No final do século XIX, centenas de brasileiros emigraram, principalmente do Nordeste, para trabalhar com extração de látex. Nos barcos, trouxeram alguns animais para iniciar uma criação na nova terra.
Pouco mais de um século depois, a ovinocultura estaria presente em 4.397 propriedades, totalizando 125.183 animais. É o que mostra o “Diagnóstico da ovinocultura do Estado de Rondônia: resultados e discussões”, um minucioso trabalho coordenado pelas médicas veterinárias Sandra Régia de Paula Carvalho e Emanuela Panini Souza, da Seagri e da Emater, respectivamente.
Mas o estudo revela, também, a desorganização da cadeia produtiva de carne ovina no Estado, dificultando o avanço da atividade. O primeiro aspecto negativo diz respeito ao rebanho. Faltam animais com genética superior, com alto desempenho para a produção de carne. As ovelhas demoram a se desenvolver, é alta a taxa de mortalidade e baixo o rendimento de carne por carcaça. Outro ponto negativo é a falta de estruturas adequadas para transporte e abate. Não existem frigoríficos para ovinos no Estado, o que dificulta a fiscalização sanitária. Os animais são abatidos tarde demais, de maneira desorganizada. A carne chega ao consumidor com preço elevado, mais cara que a carne bovina, e com baixa qualidade.
Por outro lado, 75% dos produtores entrevistados na pesquisa demonstraram interesse em expandir suas criações. Em uma mesma área é possível criar dez vezes mais ovelhas do que vacas, para efeito de comparação. Além disso, a gestação ovina é mais curta que a bovina e é comum nascer mais de um filhote por vez, o que favorece o aumento do rebanho em pouco tempo. A matemática mostra que a atividade é lucrativa, se a cadeia produtiva estiver ajustada desde o produtor até o consumidor.
O encontro conta com o apoio da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Social (Sedes) e do Sebrae-RO. As atividades começam às 8h no auditório da Emater-RO, em Porto Velho.
Fonte: A/I SEAGRI – Secretaria de Agricultura