No mundo corporativo, é pratica comum de diversos empresários elaborarem os cálculos da companhia junto aos cálculos pessoais, com o intuito, muitas vezes despretensioso, de “facilitar a vida” e diminuir a “dor de cabeça”. O pró-labore, como é conhecida a remuneração do trabalho realizado pelo proprietário da empresa, é utilizado em larga escala. Porém, poucas pessoas sabem como fazer esse cálculo da maneira correta, sem prejudicar a saúde financeira profissional e pessoal.
Segundo dados divulgados pelo Serasa, 2.243 empresas foram à falência só no ano passado. Pela minha experiência, posso afirmar que aproximadamente grande parte desses casos provêm da má separação que os gestores fazem do financeiro da empresa com o financeiro próprio. Poucas pessoas estão preparadas para lidar com essa questão de maneira coerente e sem prejudicar nenhuma das partes, ou seja, o próprio bolso e o caixa da empresa.
As dúvidas mais comuns que encontro em diversos empreendedores é saber como determinar o salário do próprio cargo de maneira justa e como separar os gastos empresariais dos pessoais, fazendo com que a empresa tenha capital de giro, ou seja, fazendo com que os lucros sejam “visíveis”, com o objetivo de mantê-la em constante crescimento. Para que se alcance a estabilidade e se consiga chegar ao valor correto, algumas regras básicas precisam ser seguidas.
Para começar, é importante que se tenha consciência de quanto ganha, em média, um profissional que exerce as mesmas funções no mercado de trabalho, mas com o cuidado de não deixar de lado a experiência e a qualidade do desempenho das suas atividades profissionais. O empresário precisa ter consciência que não é porque ele é dono de uma companhia que ele precisa ganhar muito mais que os outros funcionários.
Outra dica importante é elaborar uma tabela, na qual são somados todos os gastos pessoais (prestações, contas a pagar, cartões de crédito, gasolina, lazer e alimentação, por exemplo). O resultado dessa tabela deve ser o valor mínimo considerado como salário pelo gestor. Com essa atitude, existirá um controle maior sobre o dinheiro que circula na empresa, todo mês.
Além disso, calcular os lucros e dividendos em um sistema operacional elaborado especialmente para a própria empresa, também é muito mais eficaz do que continuar verificando os resultados em uma planilha do Excel. Claro que esse procedimento só pode ser adotado se for financeiramente viável para a companhia, mas ajuda muito na hora de apurar o capital disponível em caixa.
Um erro comum dos administradores é pensar que os lucros conseguidos pela empresa são lucros que devem ser repassados a ele. Quando se mistura a vida financeira da empresa com a vida pessoal, o gestor contribui de maneira significativa para a desorganização do empreendimento. Além disso, ele não consegue manter um planejamento adequado para a própria vida pessoal, misturando valores e necessidades, ou seja, primordial e supérfluo.
Dora Ramos atua no mercado contábil-administrativo há mais de vinte anos. É fundadora e diretora responsável pela Fharos Assessoria Empresarial. Para mais informações, acesse www.fharos.com.br.